28 de junho de 2021

Tempo de Leitura: 2 minutos

Hoje, eu vou falar sobre autismo adulto na pandemia, sendo mais específico, sobre o meu autismo e a influência que a pandemia teve sobre ele. 

Acho que a maioria de vocês sabe que eu já falei de autismo na pandemia, mas agora eu gostaria de falar um pouco sobre o que aconteceu comigo, em meio a esse tempo de minha vida adulta. 

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Antes da pandemia, quando não precisávamos ficar isolados, eu e minha família fazíamos palestras com muita frequência, estávamos sempre na estrada, de carro, ou em aeroportos, viajando de avião. Nós sempre tivemos a oportunidade de conhecer várias pessoas de culturas e costumes diferentes. Sempre fomos recebidos com muito carinho em suas cidades, em suas famílias, para participarmos dos eventos sobre autismo. 

Essas experiências de viajar, encontrar pessoas, falar nas palestras, me ajudavam bastante, pois além de conhecermos vários lugares, a gente também conversava com as pessoas que nos recebiam e eu tinha a oportunidade de me socializar em vários momentos. Isso me ajudou muito a trabalhar o meu processo de aquisição vocabular e me fazer uma pessoa mais social com os outros. Além de tudo isso, também experimentávamos diversas comidas típicas, que inclusive me ajudavam no processo de melhorar minha seletividade alimentar. 

Mas, por que eu estou contando isso? Bom, eu não sei se vocês sabem, mas quando eu era criança, eu tinha um autismo mais severo. E desde aquela época, eu sempre fui incentivado pelos meus pais a me comunicar e socializar de alguma forma, até conseguir evoluir para um autismo, digamos assim, mais moderado. 

Pois bem, vários anos se passaram e veio a minha fase de palestrante, e isso trouxe muitos desafios, mas, depois de muitos anos socializando, eu sentia que minhas dificuldades diminuíam cada vez mais, até que acabei chegando na forma mais leve do autismo. 

Só que existe um “porém” nessa história: com a pandemia e a necessidade de ficar em isolamento, além da falta de contato social, fora o da minha família, eu sinto que acabei regredindo. Eu voltei ao autismo moderado, estou com mais estereotipias, sinto-me com falta de raciocínio com pensamentos mais imaturos e atitudes imaturas. E devo confessar que isso me deixou muito preocupado, mas sei também que não é o fim do mundo. Ainda tenho muita coisa pra aprender nessa vida e sei que, no meu tempo, eu chegarei lá. Espero realmente, do fundo do coração, evoluir novamente para o grau leve de autismo e recuperar todas as minhas habilidades. E eu também espero o mesmo para todas as famílias e para todas as pessoas com autismo.

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Fotógrafo, palestrante, escritor e autor do livro Tudo o que eu posso ser, de 2017.

Os muitos tons do autismo

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