29 de dezembro de 2023

Tempo de Leitura: 5 minutos

Depois da retrospectiva de temas mais importantes na retrospectiva de 2023, a equipe do Canal Autismo / Revista Autismo reúne, abaixo, a lista de notícias publicadas este ano no site que foram as mais lidas de 2023.

É importante observar que, entre os materiais mais lidos, também estavam notícias relacionadas a campanha do Dia Mundial do Autismo 2023, cuja campanha e o tema deste ano foram “Mais informação, menos preconceito”.

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Matraquinha

1º: Fala de Lula sobre pessoas com deficiência repercute na comunidade do autismo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em reunião ocorrida nesta terça-feira (18) com governadores que pessoas com deficiências mentais tem “desequilíbrio de parafuso”. A fala se deu durante a discussão de ações para prevenir violências nas escolas e começou a repercutir na comunidade do autismo a partir da quarta-feira (19), com notas de repúdio de associações e críticas de ativistas, a maior parte afirmando que o discurso do presidente foi capacitista e psicofóbico.

O Instituto Lagarta Vira Pupa, em nota, argumentou que “destoando do trabalho exemplar que está sendo executado pelo Ministério dos Direitos Humanos e pela Secretaria de Direitos das PCDS, o Presidente se expressou de forma capacitista e leviana”. Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, a jornalista Johanna Nublat diz que “essas pessoas não são potenciais assassinos. Elas são potenciais alvos de políticas públicas de saúde, educação, assistência social, trabalho, cultura e emprego. Políticas em que o Estado historicamente falhou. E segue falhando”. O jornalista Luiz Alexandre Souza Ventura, do blog Vencer Limites no O Estado de S. Paulo, também comentou a fala de Lula, dizendo que “a maneira pejorativa e ultrapassada usada pelo presidente Lula para se referir às pessoas com deficiências mentais reforça estigmas e está muito longe do comportamento de estadista tão alardeado por apoiadores do atual chefe do executivo”.

2º: Prevalência de autismo: 1 em 36 é o novo número do CDC nos EUA

Temos um novo número: 1 em cada 36 crianças de 8 anos são autistas nos Estados Unidos, o que significa 2,8% daquela população. O dado divulgado hoje (23.mar.2023) vem da principal referência mundial a respeito da prevalência de autismo, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), do governo dos EUA, que divulgou sua atualização bienal, com dados de 2020, um retrato daquele ano. O número desse estudo científico, com mais de 226 mil crianças, é 22% maior que o anterior, divulgado em dezembro de 2021 — que foi de 1 em 44 (com dados de 2018). No Brasil, não temos números de prevalência de autismo. Se fizermos a mesma proporção desse estudo do CDC com a população brasileira, poderíamos ter cerca de 5,95 milhões de autistas no Brasil.

Pela primeira vez, a porcentagem de diagnósticos de autismo entre asiáticos (3,3%), hispânicos (3,2%) e negros (2,9%) foram maiores do que entre as crianças brancas de 8 anos (2,4%). Isso é o oposto das diferenças raciais e étnicas observadas nos estudos anteriores do CDC. Essas mudanças podem refletir uma melhor triagem, conscientização e mais acesso a serviços entre grupos historicamente mal atendidos nos EUA.

3º: Clay Brites, neuropediatra e escritor, morre aos 49 anos

O médico neurologista Clay Brites morreu neste sábado (11) aos 49 anos, em Londrina (PR). Segundo a pedagoga Luciana Brites, sua esposa, Clay teve um mal súbito. Formado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina em 1998, Clay fez residência médica em Pediatria com especialização em Neurologia Infantil pela Santa Casa de S.Paulo entre 1999 e 2003. Possuía título de especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP-2003) e era doutor em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desde 2018.

Brites ficou conhecido por meio de sua atuação no Instituto Neurosaber, do qual foi professor, e também por meio de suas palestras. Ele também foi autor dos livros Como saber do que seu filho realmente precisa? (2018), Crianças desafiadoras (2019), Mentes Únicas (2019) e Como lidar com mentes a mil por hora (2021).

4º: Autistas, mãe e filho são aprovados em vestibular da UFPR

Adriana e Gabriel Czelusniak, de 41 e 17 anos respectivamente, são autistas e mãe e filho. Os dois foram aprovados no vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) para o curso de pedagogia.

De acordo com informações divulgadas pela Massa News, os dois ficaram surpresos com o resultado. “A gente estava com baixa expectativa porque eu nunca tinha feito vestibular na UFPR e ele tinha acabado de sair de um colégio que não prepara os alunos para o exame”, disse Adriana

5º: Lula revoga política de educação especial de 2020

Luiz Inácio Lula da Silva, novo presidente do Brasil, aproveitou a posse ocorrida neste último domingo (1) para dar encaminhamento a uma série de medidas provisórias (MP) e decretos. Entre suas ações, foi assinado um decreto de revogação da Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida, lançada em 2020.

Segundo o blog Vencer Limites, a revogação da política era um dos temas do gabinete de transição do novo governo. A Política Nacional da Educação Especial dividiu opiniões na comunidade do autismo, com posicionamentos contrários e favoráveis de ativistas e organizações. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal promoveu dois dias de audiência pública para o debate da Política, que chegou a ser suspensa pelo ministro Dias Toffoli.

6º: Conceito de ‘autismo profundo’ provoca debates na comunidade do autismo

A expressão “autismo profundo” foi proposta a partir de um relatório publicado em dezembro de 2021 pela Lancet Commission on the Future of Care and Clinical Research in Autism. Em linhas gerais, o termo tem o objetivo de se referir especificamente a pessoas autistas que precisam de apoio substancial de adultos o dia todo e que não conseguem cuidar de suas necessidades diárias.

Uma reportagem do Spectrum News abordou as controvérsias e conflitos que envolvem ativistas autistas na internet e pesquisadores não-autistas. No exterior, entre parte dos ativistas autistas, o termo foi considerado problemático. Ao mesmo tempo, questões de representatividade foram questionadas por alguns pesquisadores que argumentam que ativistas autistas, que estariam centrados numa experiência de “autismo leve”, estariam menosprezando experiências mais complexas com o autismo.

7º: Jovem autista brasileira tem história compartilhada pela Autism Speaks

Jessye Blue, uma jovem autista da Paraíba, teve sua história compartilhada nas redes sociais da associação norte-americana Autism Speaks, uma das mais conhecidas do mundo.

A publicação traz um relato de Jessye e sua trajetória. Ela foi diagnosticada tardiamente e não recebeu ajuda adequada. Durante sua adolescência, sofreu com o transtorno de pânico e malnutrição devido à seletividade alimentar. Porém, ao mergulhar no mundo da arte, começou a se reinventar e superou muitos dias de silêncio e isolamento.

8º: Câmara dos Deputados aprova obrigatoriedade de símbolo do autismo para atendimento prioritário

A Câmara dos Deputados aprovou o PL 11147/18, que determina a inclusão do símbolo do autismo nas placas de atendimento em repartições públicas e instituições financeiras para garantir a prioridade em filas.

De acordo com nota da Agência Câmara, o símbolo que deve ser utilizado é o da fita de quebra-cabeças. Atualmente, o projeto de lei está em tramitação no Senado Federal.

9º: Documentário sobre autismo da BBC conta histórias de autistas no Reino Unido

A BBC produziu e lançou, neste mês de fevereiro, o documentário “Inside Our Autistic Minds”. A produção retrata histórias de pessoas autistas que se sentem incompreendidas pelos amigos, familiares e colegas de trabalho. O naturalista e apresentador Chris Packham, que também é autista, ajudou quatro indivíduos a criarem curtas-metragens que expressam seus sentimentos e pensamentos.

De acordo com informações divulgadas pelo Disability Horizons, entre as pessoas retratadas, estão Murray Bruce, um jovem não verbal que é um ativo defensor do reconhecimento da competência de indivíduos não verbais; Flo Taylor, uma comediante que usa o humor como forma de se proteger da perseguição dos colegas e que só foi diagnosticada com autismo aos 20 anos; Anton, um assistente de ensino e DJ com profunda paixão por seu time de futebol; e Ethan, um estudante de 19 anos e aspirante a rapper que sofre de hipersensibilidade ao ruído. O documentário também aborda a experiência de Chris Packham com o autismo, incluindo o bullying que sofreu na escola e sua dificuldade em interagir com outras pessoas.

10º: Vitor Fadul, marido de Karnal, fala sobre diagnóstico tardio

Depois que Leandro Karnal falou publicamente pela primeira vez sobre o seu casamento de quatro anos com o músico Vitor Fadul, especulações e comentários sobre o casal começaram a se espalhar nas redes. Fadul, por sua vez, é diagnosticado com autismo e falou, em outras ocasiões, sobre sua experiência como autista na infância antes do diagnóstico.

Em entrevista a Revista GQ, Vitor disse que enfrentou dificuldades na escola. “Sofri muito imaginando que era burro, porque não conseguia acompanhar os meus colegas na escola, não conseguia aprender nada. Tinha pavor de saberem das minhas dificuldades. Se soubesse do autismo logo quando criança, creio que tudo teria sido diferente”, refletiu.

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