1 de dezembro de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

É comum pensar que pessoas com necessidades especiais são incapacitadas para realizar determinadas atividades. Em outras palavras, somos: pobres coitados, vítimas, frágeis, alienados, desprotegidos, inocentes, ingênuos, dentre outros adjetivos negativos e preconceituosos. Mas, é importante que todos, incluindo os próprios deficientes, saibam: deficiência não é algo a ser visualizado com desprezo, com sentimentos de pesar, com descrença, com exaltação exagerada ou até mesmo com a frase típica: Ah! É “especial”! 

Há deficiências visíveis e invisíveis, ou seja, é possível perceber algumas ao olhar o indivíduo e outras não ‒ a menos que seja dito para conhecimento, esclarecimento. Essas atitudes e falas sociais trazem malefícios e o principal deles é o capacitismo, Segundo Lau Patrón, o capacitismo é a ideia de que pessoas com deficiência são inferiores àquelas sem deficiência, tratadas como anormais, incapazes, em comparação com um referencial definido como “perfeito”. Tais manifestações são ofensivas e podem gerar malefícios comportamentais bem como sociais ao deficiente.

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Incompreensão; dificuldade de aceitação; falta de conhecimento; incapacidade profissional; desvalorizar ou desqualificar a capacidade corporal e/ou cognitiva (aquisição de conhecimento); tratar como “especial”, ou seja, o centro das atenções, exaltar ou duvidar de tudo que a pessoa faça, negar que a pessoa possa ter relacionamento ou filhos, são situações frequentes na rotina e convivência familiar de deficientes. Esses comportamentos acarretam, em alguns, sentimentos de inferioridade, egocentrismo e manipulação, podendo fazer a pessoa querer exclusividade (ou não) em seus direitos e até em relação a outros na mesma condição. Ser preferencial não dá direito a ser arrogante, mal-educado, desrespeitoso e querer ser “o exclusivo” dentre todos os outros que estejam no contexto de preferencial ou não. É inadequado ameaçar, usar de xingamentos, e constranger para ter direitos garantidos.

Tenho experiências com capacitismo no dia a dia e, principalmente, em local de trabalho com outros deficientes, mas recentemente a atitude de uma pessoa com necessidades especiais foi desnecessária: ameaças, constrangimento, xingamentos, empurrões no ônibus na hora de descer as escadas por não lhe darem o assento que queria, nem mostrar o cartão de pessoa com deficiência. Poderia ter explicado e mostrado o cartão? Sim! Mas não o fez por causa da falta de educação e desrespeito no momento de abordar, além do mais, havia outros assentos vazios e, por lei, todos os assentos são preferenciais. Fora do ônibus a abordagem foi mais ameaçadora e disse para respeitá-la, pois era deficiente e eu não sabia a condição dela. Respondi que ela não sabia a minha, precisava respeitar a mim também, mas não era necessário agir de tal forma. A deficiência tanto minha quanto da pessoa no ônibus é invisível, mas isso não nos dá permissão para querermos ser exclusivistas. Jamais peça ou constranja alguém a sair do assento somente por ser preferencial, não aborde, não peça comprovação (não somos autoridades para sermos convencidos de algo, não somos justiceiros. Não basta a palavra da pessoa? É necessário provar e comprovar?). Consciência é algo importante, mas somente é usada se for conveniente?

O preconceito capacitista segrega tanto quanto qualquer outro tipo de discriminação, acarreta: marginalização, visão de realidade paralela ao segregado, impede o desenvolvimento de todo e qualquer ser humano. Somos todos diferentes, independente de deficiência ou não, e temos de nos conscientizar: a pessoa vem antes da deficiência ou de qualquer característica.

Érica foi diagnosticada no TEA aos 35 anos; casada com o homem mais engraçado e compreensivo que já conheceu; apaixonada pelos pais; amiga dos irmãos e enteado, adora seriados, documentários investigativos e filmes; aventureira em culinária; amante dos pets da família (2 gatos, 5 cachorros); zoeira com colegas de trabalho (dizem).

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