1 de dezembro de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

Quando um homem avisa aos amigos que vai se casar, escutamos diversos comentários de que a vida vai acabar e blá, blá, blá.

Depois, os mesmos amigos dizem para aproveitar o agora, porque depois que o filho chegar, acabou tudo. Acabou a sua vida e mais blá, blá, blá.

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Se eu fosse um gato nascido aqui no Brasil ainda me restariam cinco vidas, então estou no lucro. Descobri recentemente que nos Estados Unidos o gato tem nove vidas, mas isso é discussão para outro momento.

Chegou o momento em que meu filho nasceu e foi uma festa linda, amigos e famílias todos enviando boas energias e para minha surpresa descobri que a vida não acabou!

A chegada de uma criança é vida e se você tem filhos, sabe que a vida realmente começa com a chegada deles. Depois que temos filhos, qualquer coisa que acontece com eles é transportada aos pais e elevada à milionésima potência.

Ao presenciar um simples tropeço que termina com leves arranhões no joelho, a dor é automaticamente transferida para o meu joelho com uma intensidade brutal.

Em uma bela manhã, minha esposa e eu levamos o Gabriel em uma neuropediatra. Entramos no consultório e 10 minutos depois saímos com um diagnóstico de AUTISMO.

Já dentro do carro, voltando para casa, a sensação é de que a vida realmente tinha acabado.

Sofremos, choramos e ficamos de luto como se realmente tivéssemos perdido um filho. Por que comigo? Por que com ele? Por quê?

Ao olhar para o lado, ele estava lá. Com o mesmo olhar distante que nunca tínhamos percebido até então. O olhar estava perdido, mas não seu coração e foi este pequeno grande homem que nos mostrou que a vida estava dando uma oportunidade de começarmos uma nova vida.

Você conhece aquela árvore ipê roxo?

Alguns olham para ela e pensam: — Nossa, isso vai fazer uma sujeira!

Enquanto isso, outros admiram sua beleza e seus encantos.

O Gabriel é o nosso ipê-roxo, ele nos ensinou a ver esse outro lado e nos mostrou que cada conquista e cada momento deve ser vivido intensamente. Tão intenso como os abraços e beijos que ele faz questão de nos presentear todos os dias.

Devo confessar que os beijos e abraços não estão com tanta intensidade. O Gabriel está entrando na adolescência e os hormônios estão completamente descontrolados.

Voz grossa, espinhas no rosto, pelos espalhados pelo corpo, mas uma coisa não muda: ele continua uma pessoa adorável, amorosa e carinhosa. Apesar da irmã não achar nada disso. =)

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Pai do Gabriel (que tem autismo) e da Thata, casado com a Grazy Yamuto, fundador da Adoção Brasil, criador do app matraquinha, autor e um grande sonhador.

André e a Turma da Mônica em: Estímulos sensoriais demais

Malefícios do capacitismo nosso de cada dia

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