Pois é, por vezes, nessa ânsia louca de buscar um futuro feliz, esquecemos do presente. Atropelamos o agora e passamos por cima do fato de que a vida se vive no agora. Nossas crianças têm que viver felizes hoje. O bem-estar pleno se constrói todos os dias, e esse é o momento de estarmos bem.
Quando tratamos de crianças autistas ou divergentes em qualquer outro sentindo, essas questões tornam-se ainda mais cruciais, pois sabemos bem das dificuldades que essa jornada traz, tanto para nós adultos como cuidadores, quanto para as próprias crianças que muitas vezes demandam de um apoio mais enfático do que a própria fase de desenvolvimento infantil já traz.
Porém, é preciso ter consciência de que a diversidade humana é um fato. Quando alguém vem ao mundo, existe a possibilidade que esse ser exista dentro de qualquer condição que a humanidade abriga. Então, não podemos colocar expectativas nesses indivíduos baseados apenas em uma prospecção de um trajeto típico. Tratemos a diversidade respeitando as diferenças de cada um.
Dentro das diversas maneiras passíveis do desenvolvimento e da existência, cabe a possibilidade de felicidade. Não devemos, em prol de uma espera por um amanhã, deixar que o hoje seja sempre pesado.
E não achem que estou dizendo que não devemos ou que não podemos aspirar a um futuro com as expectativas que almejamos. Óbvio que devemos trabalhar para que nossas crianças tenham uma vida lá na frente com qualidade e capacidade de fazer coisas maravilhosas.
O que não devemos fazer, na minha humilde opinião, é querer que nossas expectativas tornem-se realidade a qualquer custo, pois, dependendo de como for o cotidiano da criança, dos vários fatores que influenciam essa caminhada e não apenas da condição em que a pessoa se encontra dentro da diversidade humana, nossos anseios podem tornar-se verdade ou não, mas, de fato, independentemente do que algum dia tivermos pretendido, tudo só valerá a pena se isso não custar a infância de alguém.