23 de outubro de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Desde a infância, tenho verdadeiro encantamento por princesas, castelos e contos. Cresci ouvindo minha mãe me contar as histórias da Rapunzel e da Branca de Neve – minhas preferidas.

Fui uma criança autista e minha infância perpassou o fim dos anos 80, início dos anos 90. Minhas bonecas eram todas loiras de olhos verdes ou azuis. Era praticamente um “padrão” para as bonecas daquela época. Eu sou morena, tinha os cabelos castanhos e bem compridos. Nunca tive uma boneca com as minhas características físicas. Por esse motivo, lembro-me de viver desejando ser loira e ter olhos azuis. Lembro-me até hoje do espanto que tivemos quando uma amiguinha da minha irmã ganhou uma boneca características de uma criança negra. Achamos muito diferente! E eu, particularmente, achei linda.

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Eu era uma criança autista. Cresci e hoje sou uma mulher autista e mãe atípica. E uma das minhas maiores preocupações ao receber o diagnóstico de autismo do meu filho foi dar referências a ele. Trazer representatividade!

E foi aí que vi que, apesar de termos boa literatura infantil tratando do respeito às diferenças, quando se trata do TEA, não temos tantas opções assim.

E foi aí que tive o desejo de escrever uma história que trouxesse para crianças autistas, especialmente meninas, representatividade de forma lúdica e leve. Então, nasceu meu e-book “A Princesa dos pés coloridos”, lançado em 2021 pela ONDA-AutismoS.

A Princesa Clara, protagonista do livro, foi inspirada em mim mesma na infância. E suas características especiais, retratadas através dos pezinhos coloridos, buscam ensinar que a diversidade e a neurodiversidade é que trazem beleza ao mundo e à sociedade. E nossas crianças precisam se ver, de maneira positiva e valorosa, em figuras que admirem e que as representem da maneira mais genuína possível.

Estamos em outubro e mais uma vez vamos comemorar o dia delas. E eu sempre digo que, antes de serem autistas, nossos filhos e filhas são crianças. Não podemos jamais nos esquecermos disso.

Por fim, outro fato que não podemos deixar de lado é o quanto nossas crianças precisam se sentir representadas, acolhidas e valorizadas em suas diferenças. Feliz dia a todas! E que suas vidas sejam sempre coloridas!

Por Jeane Rodrigues
Conselheira Estadual MG/ONDA-AutismoS; autista; mãe atípica; terapeuta expert em Autismo; e escritora.

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