9 de outubro de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

A comunidade de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), seus familiares e nós, profissionais, vivemos um momento feliz com a incorporação da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) às possibilidades de tratamentos cobertos pelas operadoras de saúde. Com isso, há expectativa de que a demanda pela terapia ABA aumente, fazendo com que cresça a oferta do serviço. A decisão garante que os planos de saúde cubram tratamentos e terapias para pessoas com TEA. Mas precisamos estar atentos ao fato de que apenas fazer a terapia não é suficiente, se não forem seguidos os critérios de qualidade pré-determinados pela ciência ABA para seu sucesso.

No Brasil não existe ainda um órgão que fiscalize a qualidade com que a terapia ABA é realizada. Por isso, é preciso que as famílias de pessoas com autismo estejam atentas aos padrões de qualidade seguidos pelo profissional e pelas clínicas que prestam os serviços baseados em ABA, já que, se não forem realizados corretamente, podem ocasionar consequências nocivas aos resultados da terapia ao indivíduo com TEA. De qualquer forma, existem alguns indicadores que podem ajudar as famílias a avaliarem se a intervenção comportamental ABA é realizada com a qualidade necessária.

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De início, é recomendado que a avaliação da pessoa com TEA descreva os níveis de habilidades e comportamentos em sua linha de base inicial. A partir disso, a clínica deve definir, em conjunto com o próprio cliente, quando possível, com a família e cuidadores quais os objetivos subsequentes, de acordo com as prioridades, preferências e características culturais. Também é esperado que seja dado suporte e treinamento aos familiares e cuidadores do cliente para que estejam hábeis a dar continuidade ao tratamento fora das sessões de terapia. Além disso, é importante o constante monitoramento dos programas de ensino, com avaliação periódica do progresso do cliente, havendo uma revisão regular dos objetivos de ensino.

Esses são apenas alguns dos critérios que determinam a qualidade da aplicação da ciência ABA nas intervenções comportamentais publicados pela The Council of Autism Service Providers (CASP), uma organização americana que representa profissionais que atuam com autismo e estabelece padrões de qualidade nos tratamentos baseados em evidências. A CASP estabelece ainda que a intensidade da terapia deve variar segundo a necessidade de cada cliente. Assim, um Plano de Educação Individual (PEI) deve ser realizado e revisado periodicamente, constando todos os objetivos a serem desenvolvidos dentro de um período (entre 6 e 8 meses). Um PEI bem desenvolvido e implementado por uma equipe técnica capacitada favorecerá a aquisição de habilidades comportamentais com maior desenvoltura e rapidez, proporcionando melhor autonomia e qualidade de vida ao neurodivergente.

Quando falamos em integridade e compromisso com a aplicação da ABA, nos referimos a uma prática baseada em evidências e que não corresponde a uma fórmula ou receita pronta. Ela deve ser pensada para cada indivíduo. É muito importante que as famílias estejam atentas à forma como é realizada a intervenção, pois isso será crucial para o sucesso da terapia daquela criança ou adulto com TEA.

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Júlia Sargi é diretora técnica do Grupo Conduzir, psicóloga, especialista em ABA e autismo.

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