1 de março de 2024

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É comum os autistas apresentarem, além do autismo, algum outro transtorno que ocorre de forma conjunta, ou seja, alguma comorbidade. Clínicos e pesquisadores de diversas universidades internacionais encontraram uma conexão entre autismo e ansiedade, com estudos indicando que até 84% das pessoas autistas apresentam algum tipo de ansiedade, e cerca de 17% podem ter transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Dois casos serão apresentados, no primeiro caso onde temos o TOC com início na infância e no segundo caso que temos o transtorno do espectro do autismo (TEA) e o TOC.

TOC

Ao acordar, Júlia logo procura pelos seus chinelos ao lado da cama; no entanto, se depara com eles desarrumados. Sente uma forte necessidade de tê-los alinhados, certinhos, colocados em uma certa posição ao lado da cama para levantar-se. Olhando para baixo, para seus chinelos desalinhados e tortos, sente angústia, algo que não sabe nomear com seus 5 anos. Chama os pais, que acham engraçado inicialmente, mas a repetição desse comportamento fica gravada na memória. 

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ExpoTEA

Anos mais tarde, por volta dos 12 para 13 anos, Júlia começa a ter pensamentos (obsessões) que se repetem e invadem sua mente sem serem convidados. Por mais que os afaste, eles, intrusivos, retornam e a deixam ansiosa. Os pensamentos aumentam, assim como os comportamentos. O que se passa com Júlia são sintomas característicos do TOC — segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um transtorno psiquiátrico caracterizado por padrões persistentes de pensamentos intrusivos e indesejados, conhecidos como obsessões, que geram ansiedade significativa. Essas obsessões, por sua vez, levam a comportamentos repetitivos e rituais mentais ou físicos, chamados compulsões, realizados com o intuito de aliviar o desconforto causado pelas obsessões.

As obsessões no TOC podem abranger uma ampla gama de temas, como preocupações com contaminação, medo de causar dano a si mesmo ou aos outros, necessidade de ordem e simetria, entre outros. As compulsões são as respostas repetitivas a essas obsessões e podem incluir atividades como lavagem excessiva das mãos, verificação constante, contagem ou rituais mentais, medo de algo ruim acontecer, contar mentalmente até um número específico para afastar o medo, revisar mentalmente eventos passados para se assegurar de que nada de ruim ocorreu e outros.

Todo mundo sabe que, em festas e almoços familiares, os abraços em Júlia não são bem-vindos ou têm que ser rápidos. Ela evita sentar no sofá. Não é que Júlia não goste de abraços ou proximidade, mas o contato lhe causa aflição e uma inundação de pensamentos sobre sujeira, contaminação, germes, desencadeando uma série de rituais para aliviar esses pensamentos angustiantes, como tomar banhos mais demorados.

A família busca ajuda. Primeiro, psicólogos, depois, um psiquiatra e a tão temida medicação. Júlia é diagnosticada com TOC. A cada retorno ao psiquiatra, ajusta-se a dose ou troca-se a medicação. Situação difícil. Aos poucos, ela encontra a terapia que tem mais evidências, a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que lhe fornece ferramentas para reconhecer e quebrar os padrões do transtorno. Segundo a OMS, o TOC é uma das dez principais condições mais incapacitantes com impacto na qualidade de vida, trabalho e vida pessoal.

Júlia busca se conectar com outros jovens com TOC. Os grupos a auxiliam muito. Percebe que não está sozinha e que há muitas pessoas da mesma idade passando pela mesma situação. Perde o medo do futuro, decide enfrentar suas dificuldades e ingressar na faculdade. 

Após anos de tratamento, Júlia está estável, enfrentando lutas diárias, pois o TOC se adapta, mudando conforme a vida vai passando. Os pensamentos mudam de tema, os rituais se modificam, mas o prejuízo relacionado aos sintomas pode se manter, pois o TOC não tem cura e sim um controle dos sintomas. Atualmente, a abordagem médica para compreender o TOC baseia-se em uma perspectiva neurobiológica. Pesquisadores participantes de um dos maiores consórcios internacionais  ENIGMA (Enhancing Neuro Imaging Genetics through Meta-Analysis com 17 países) que estudam o TOC o consideram como resultado da interação entre fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais. Essa interação afeta o funcionamento de circuitos neurais que conectam áreas periféricas do cérebro — incluindo regiões do córtex responsáveis pelo processamento de emoções, planejamento e controle de respostas ao medo — com áreas mais internas, como os núcleos da base e o tálamo. Essas áreas internas integram informações emocionais, cognitivas e motoras, regulando a resposta do indivíduo ao ambiente.

No contexto do TOC, existe a hipótese de uma desregulação na troca de informações entre essas áreas cerebrais, sendo mediada principalmente pelo neurotransmissor serotonina. Esse desequilíbrio neuroquímico é apontado como um dos principais contribuintes para a manifestação do transtorno. Essa compreensão neurobiológica contribui para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas mais direcionadas, incluindo intervenções farmacológicas voltadas para a normalização da função serotoninérgica e outros circuitos neurais afetados no TOC, de acordo com os pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) juntamente com outros 32 grupos de pesquisas dentre eles, a Universidade de Amsterdã.

Atualmente, Júlia, recém-formada em Relações Internacionais, escreveu sua monografia sobre saúde mental no contexto internacional e é ativa em grupos que falam e ensinam sobre o TOC. Ocupa uma posição como voluntária no International Obsessive-Compulsive Disorder Foundation (IOCDF) há 2 anos, participando da conscientização sobre o TOC e seus subtipos. Seus maiores aprendizados sobre o TOC são “confiar no processo, seguir na terapia e no acompanhamento psiquiátrico”. “As medicações vão te colocar em um lugar onde você poderá usufruir da terapia!”, diz Júlia. O vínculo terapêutico entre os profissionais e o paciente é fundamental para identificar quando os efeitos colaterais estão maiores que os benefícios.

TOC no BRASIL

No Brasil, em São Paulo, o TOC começou a ser investigado mais profundamente pelo Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com o Prof. Dr. Euripedes Constantino Miguel encabeçando os estudos. Desde 1994, ele lidera projetos de pesquisa na área de TOC. Assim, em dezembro de 1994, ao lado de Marcos Tomanik Mercadante, Roseli Gedanke Shavitt, Maria Conceição do Rosário e Idalina T. Shimoda, foi iniciado o Projeto Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo (PROTOC). O primeiro passo do grupo foi buscar recursos financeiros para criar-se uma infraestrutura mínima (sala, linha telefônica, computadores, materiais de escritório, contratação de secretárias e outros). 

Em 1994, o grupo obteve uma primeira contribuição da Superintendência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP): primeira sala de atendimento no HC, grupo inicial. “Queríamos ser um grupo de pesquisa que formasse profissionais com competência técnica de excelência e capaz de produzir conhecimentos de primeira linha. O objetivo principal era contribuir, de alguma forma, para o melhor entendimento da doença e para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas que resultassem no alívio do sofrimento dos portadores de Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo”, relata o Prof. Eurípedes.

A partir de 2003, ele se tornou o Coordenador do Consórcio Brasileiro de Pesquisas dos Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo (C-TOC), que inclui algumas das mais importantes universidades do país. Além disso, o Prof. Eurípedes contribui e participa de vários consórcios internacionais e do Projeto Colaborativo Internacional de Genética da OCD Foundation. Todo esse trabalho trouxe reconhecimento mundial e o colocou na lista dos melhores cientistas do mundo. Em março de 2009, a Prof. Dra. Roseli Gedanke Shavitt assumiu a coordenação do ambulatório PROTOC, permanecendo até maio de 2023, quando passou o cargo para o Prof. Dr. Marcelo Hoexter. Ambos, Prof. Dr. Eurípides e Prof. Dra. Roseli, continuam como membros da equipe, contribuindo como professores e orientadores.

PROTOC 30 anos

O ambulatório PROTOC está fazendo aniversário! Comemorando 30 anos de estudos, pesquisa, atendimentos e conscientização do TOC. São várias pesquisas buscando marcadores genéticos, comportamentais, neuropsicológicos e como eles afetam a funcionalidade e a cognição. Atualmente, a entrada para os tratamentos é através das pesquisas. Os voluntários podem se inscrever por e-mail ([email protected]) ou pelas redes sociais (@protochcfmusp).

Em comemoração aos 30 anos, o ambulatório PROTOC realiza no mês de agosto de 2024 algumas atividades abertas ao público e a profissionais. Contará com palestras de conscientização, rodas de conversas entre familiares e profissionais. Muitas vezes, a comunidade e estudantes procuram esse evento para conhecimento, oportunidades de estágios e busca por diagnósticos e tratamentos. Os profissionais do ambulatório irão realizar, de forma gratuita, palestras e atividades para levar à comunidade os últimos achados das pesquisas e estudos. O TOC é um dos transtornos mais complexos e difíceis de serem diagnosticados por causa de sua heterogenia. Segundo estudos, 90% dos pacientes com TOC apresentam comorbidades associadas, ou seja, apresentam outros transtornos juntos, e por essa razão é tão importante trazer informações para a comunidade e profissionais. Há mais informações nas redes sociais e site do Instituto de Psiquiatria HCFMUSP.

TEA e TOC

Júlia tem TOC sem comorbidades. Mas André, 36 anos, graduado em comércio exterior, foi diagnosticado com TEA aos 17 anos e ao longo da vida percebeu que muitos dos seus sintomas não eram totalmente explicados pelo diagnóstico do TEA. Ao ser reavaliado por uma especialista neuropsicóloga, mais uma hipótese foi levantada, TEA em comorbidade com o TOC.

A comorbidade entre o TOC e o transtorno do espectro autista (TEA) refere-se à co-ocorrência dessas duas condições em um mesmo indivíduo. Tanto o TOC quanto o TEA são transtornos neuropsiquiátricos complexos, e sua coexistência pode apresentar desafios diagnósticos e impactar a abordagem terapêutica.

Uma pesquisa recente, publicada na revista internacional Journal of Abnormal Child Psychology, indica que 70% das crianças diagnosticadas com transtorno do espectro aAutista (TEA) apresentam comorbidades, e 50% delas têm mais de uma comorbidade. A relevância do debate em torno das comorbidades reside no fato de que essas condições adicionais contribuem significativamente para as principais debilidades observadas nos casos menos severos de autismo, segundo os pesquisadores da Universidade de Medicina de Washington em 2019.

André, além das dificuldades pertinentes ao TEA, como dificuldades da habilidade social, comunicação e percepção social e comportamentos inflexíveis, também apresenta sintomas como pensamentos repetitivos e intrusivos, sofrimento quando não consegue parar esses pensamentos e fenômeno sensorial (escala validada por pesquisadores brasileiros da USP) como ouvir músicas ou apito em sua cabeça — esses sintomas são grandes confundidores para profissionais não treinados, conforme pesquisadores da Universidade de São Paulo. Dificuldade em encontrar profissionais especializados que entendam que isso faz parte do TOC foi seu grande desafio. A demora em receber o diagnóstico vem acompanhada de piora da qualidade de vida, impacto maior em sua funcionalidade. Ao receber o tratamento adequado para seu caso, finalmente conseguiu realizar seu sonho de cursar uma faculdade e de trabalhar. Atualmente, André está em acompanhamento psicológico e psiquiátrico e relata que “os tratamentos salvaram sua vida, pois o sofrimento e sensação de perda eram tamanhos que achava que não conseguia viver mais”.

O TOC e TEA compartilham alguns sintomas, como rigidez cognitiva, interesses restritos e comportamentos repetitivos. Essas semelhanças podem contribuir para a sobreposição diagnóstica.

Diagnosticar a comorbidade pode ser desafiador devido à sobreposição de sintomas. É crucial uma avaliação detalhada por profissionais de saúde mental para distinguir os sintomas específicos de cada transtorno. A comorbidade pode intensificar os desafios enfrentados pelos indivíduos, impactando a qualidade de vida e a funcionalidade diária. A terapia para a comorbidade muitas vezes envolve uma abordagem integrada que considera tanto os aspectos do TOC quanto do TEA. A TCC pode ser uma opção eficaz. Devido à complexidade da comorbidade, a pesquisa continua sendo necessária para compreender melhor as interações entre esses transtornos e desenvolver estratégias terapêuticas mais eficazes.

O manejo terapêutico do TOC deve ser ajustado consideravelmente ao contexto do TEA. Em geral, os princípios de tratamento do TOC devem ser comunicados de forma especialmente clara, objetiva e simples, utilizando abordagens comportamentais específicas. Ademais, é fundamental incorporar mais recursos visuais, independentemente do nível intelectual ou avanço acadêmico do indivíduo afetado. A generalização do tratamento entre ambientes também merece atenção, pois é uma preocupação frequente nessa população.

É importante destacar que cada indivíduo é único, e a abordagem terapêutica deve ser adaptada às necessidades específicas de cada pessoa com a comorbidade de TOC e TEA. O acompanhamento por profissionais de saúde especializados em transtornos neuropsiquiátricos é essencial para proporcionar uma avaliação precisa e um plano de tratamento adequado.

CONTEÚDO EXTRA

International OCD Foundation – IOCDF

Essa fundação iniciou com um grupo de pacientes com TOC, ao participarem das primeiras pesquisas sobre esse transtorno. Esses pacientes somente vieram a conhecer outras pessoas com TOC a partir desse estudo e por isso resolveram juntar-se em grupo para conversar sobre suas experiências com o apoio do Dr. Waine Goodman. O objetivo do grupo era amenizar o sofrimento dos pacientes com TOC e o isolamento que o transtorno causa. O grupo deu tão certo que, inspirados, eles procuraram o canal internacional 20/20 da ABC para incluírem um segmento sobre o TOC e com isso receberam mais de 20 mil consultas no dia seguinte. Atualmente, a International Obsessive-Compulsive Disorder Foundation (IOCDF) tem mais de 25 afiliados e parcerias pelo mundo todo.

Referências:

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Ferrao, Ygor Arzeno; Shavitt, Roseli Gedanke; Prado, Helena; Fontenelle, Leonardo F.; Malavazzi, Dante Marino; De Mathis, Maria Alice; Hounie, Ana Gabriela; Miguel, Euripedes Constantino; Do Rosario, Maria Conceicao. Sensory phenomena associated with repetitive behaviors in obsessive-compulsive disorder: An exploratory study of 1001 patients. Psychiatry Research, v. 197, n. 3, p. 253-258, MAY 30 2012. (05/55628-8)

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Prado, Helena da Silva. Revisão de literatura sobre fenômenos sensoriais e validação preliminar da escala para avaliação de fenômenos sensoriais da Universidade de São Paulo (USP-SPS) no transtorno obsessivo-compulsivo [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina; 2007 [citado 2024-01-28]. doi:10.11606/D.5.2007.tde-24012008-133124.

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https://doi.org/10.1007/s10802-018-0410-1

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Neuropsicóloga, mestranda em psiquiatria, fundadora do Centro de Avaliações Neuro Days, que realiza avaliações, intervenções e seguimento psicológico para crianças, adultos e idosos.

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