1 de março de 2024

Tempo de Leitura: 2 minutos

Em uma recente formatura de uma turma de capacitação para pessoas autistas da Specialisterne, realizada em uma grande empresa parceira no Rio de Janeiro, várias pessoas deram depoimentos, nos quais colocaram que se sentiram acolhidas no período do curso e que em poucos momentos em suas vidas haviam se sentido tão bem, podendo ser do jeito que são. Esta experiência me fez ter uma reflexão de como as empresas podem ser acolhedoras, flexíveis e empáticas com as pessoas autistas para uma inclusão profissional com qualidade.

Mas o que é o acolhimento quando olhamos para as necessidades de inclusão de pessoas neurodivergentes? Assim como em processos terapêuticos, o acolhimento pressupõe sempre ouvir o outro com uma escuta para que as pessoas se sintam mais seguras e protagonistas. A partir dessa relação, podemos criar uma relação de confiança e condições para que as pessoas se sintam seguras, psicologicamente, nas empresas.

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Quando conseguimos ter comportamentos acolhedores nas empresas, buscamos proporcionar os apoios necessários para que as pessoas neurodivergentes possam trabalhar, e, desta forma, as chances de termos um colaborador feliz e produtivo, que ficará na empresa por um bom tempo, é muito grande.

Um bom exemplo disso é um depoimento de uma profissional que passou por nossa formação e trabalha em um de nossos parceiros, que compartilho abaixo:

Recebi treinamento adequado e apoio constante ao mesmo tempo. Pela primeira vez na vida, quando fiz as entrevistas, não fui submetida a perguntas não relacionadas ao trabalho: eram todas perguntas sobre o trabalho, minhas experiências passadas e minhas habilidades. Certamente a presença constante da Specialisterne com sua equipe especializada em autismo tem feito a diferença, tornando as entrevistas mais acessíveis, e abordadas pela empresa com uma mente muito aberta para o autismo (esse era o meu sentimento). O apoio que me deram nos estilos de comunicação foi muito útil: funcional tanto para um contexto de trabalho quanto para relacionamentos interpessoais.

Quando comecei nesta empresa, notei uma grande diferença em relação a minha experiência anterior: flexibilidade. Por flexibilidade quero dizer algo em um sentido amplo: desde roupas, horas de trabalho, a possibilidade de trabalhar em casa. Parecem coisas triviais, mas para uma pessoa autista não são.

As empresas que acolhem as pessoas neurodivergentes e suas necessidades, seguramente, conseguem acolher todas as pessoas com suas diferentes características, podendo, assim, usufruir dos benefícios em ter equipes diversas. Para as pessoas neurodivergentes, minha sugestão é que vocês busquem empresas que valorizam a neurodiversidade e que proporcionam o seu devido acolhimento.

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Psicólogo, especialista em terapia comportamental cognitiva em saúde mental, mestre em psicologia da saúde, com experiência na gestão de programas de diversidade e inclusão em empresas como Sodexo no Brasil. Há 4 anos, faz parte do grupo de trabalho sobre Direitos Humanos nas Empresas da rede brasileira do Pacto Global da ONU e é diretor geral da Specialisterne no Brasil, organização social de origem dinamarquesa presente em 21 países, que atua na formação e inclusão de pessoas com autismo no mercado de trabalho.

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