25 de abril de 2024

Tempo de Leitura: 3 minutos

Graduado em Sistemas para Internet pela Universidade Luterana do Brasil e doutorando em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, Willian Chimura é divulgador científico, palestrante, professor e programador. Depois de descobrir o próprio autismo, tornou-se um dos principais nomes da produção de conteúdo sobre autismo no YouTube e participou da criação de políticas públicas a nível estadual e federal. Em entrevista dada ao podcast Espectros lançada nesta quinta-feira (25), Chimura abordou sua trajetória profissional no campo do autismo, seus interesses por jogos, polêmicas, amizades, a vida como homem casado e outros temas.

Chimura abordou que, ao longo de sua trajetória, tentou compreender as várias perspectivas que se tem sobre o autismo, incluindo as discussões nos manuais médicos e nos movimentos sociais. Por isso, segundo ele, já foi alvo de críticas de ativistas que rejeitam noções médicas ou científicas sobre o diagnóstico por utilizar o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) para conceituar o autismo.

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“É óbvio que a gente tem que ter um viés também construtivista de entender a realidade. A gente não pode ser positivista no fazer científico. Mas da minha percepção, eu sempre fui muito grato ao que a ciência compilou para explicar sobre a minha própria condição. E eu acho que às vezes as pessoas que estão de fora têm uma impressão do tipo assim: ‘ah, então quer dizer que o Chimura é positivista, o Chimura é puxa saco dos médicos’, e etc. Mas na verdade eu acho que quando a gente não tem método, quando a gente não tem as ferramentas estatísticas e científicas de se entender fenômenos tão complexos quanto o autismo, que é uma condição extremamente complexa de se operacionalizar, de se definir, de se entender, a gente vai ficar andando em círculos sempre”, argumentou.

Na entrevista, Willian também contou que criou seu primeiro canal no YouTube na década de 2000, quando percebeu a oportunidade de utilizar o YouTube para compartilhar seu conhecimento e interesse em programação. Na época, o youtuber notou que havia poucos canais brasileiros abordando esse tema, e viu no YouTube uma plataforma para preencher essa lacuna e interagir com outros interessados na área. Ele gravava vídeos curtos, de até três minutos, devido às limitações da internet na época, e se dedicava intensamente a produzir conteúdo educativo sobre programação. O canal teve impacto positivo, sendo reconhecido por professores e alunos de escolas técnicas, e contribuiu para a disseminação de conhecimento na área de programação.

Durante a conversa, o youtuber também foi descrito como a primeira pessoa autista nas mídias a abordar abertamente uma visão positiva sobre a análise do comportamento aplicada, que é alvo de polêmica em parte do ativismo autista. “Eu sofri muitas críticas a um nível desumano. Uma marcante era que eu era o Fernando Holiday do autismo. ‘O Chimura é um cara que luta contra os autistas, porque ele gosta de análise do comportamento aplicada’. Era nesse nível que as pessoas me colocavam”, lamentou.

Ele também observou que muitos autistas, após anos de conflitos e revisões de opiniões, estão começando a reconhecer o valor da análise do comportamento aplicada e a considerar seus benefícios, em vez de rejeitá-la automaticamente. Ao mesmo tempo, destacou a importância de uma abordagem crítica e a compreensão dos aspectos éticos e práticos envolvidos na aplicação da análise do comportamento. Dessa forma, também falou sobre o desejo de acompanhar mais críticas qualificadas sobre o tema no Brasil. “Não estou falando que análise do comportamento aplicada não tem críticas, mas o que eu estou falando é que as pessoas que criticam não conseguem nem passar do básico. Nos Estados Unidos eu já vejo esse debate muito mais amadurecido”, argumentou.

O Espectros é o podcast de entrevistas da Revista Autismo / Canal Autismo (acesse http://canalautismo.com.br/espectros). Mensalmente, o jornalista Tiago Abreu recebe as pessoas que constroem a comunidade do autismo no Brasil para saber mais sobre estes indivíduos além da história, seja familiar, profissional ou pessoal com o diagnóstico.

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