5 de setembro de 2021

Tempo de Leitura: 2 minutos

Quando falamos das dificuldades de comunicação no TEA, profissionais especialistas e pessoas que convivem mais intimamente com pessoas autistas logo conseguem imaginar como essa característica se apresenta na prática. Entretanto, pessoas que não conhecem tão a fundo assim essa condição podem ter maior dificuldade de entender essa questão.

Mas o fato é que, por mais que não pareça, pessoas autistas independentemente do nível em que se enquadrem dentro do espectro possuem essa dificuldade, inclusive sendo esse um critério para o diagnóstico. E sobre isso que vamos tratar hoje.

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Primeiramente, é necessário entender que comunicação vai muito além da fala, então por mais que a pessoa autista apresente a comunicação oralizada não quer dizer que a mesma seja efetiva.

Ainda, é importante ressaltar que comunicação se dá por uma troca, dependendo então tanto do emissor como do receptor, e daí mais um fator que explica a importância de todos entenderem onde estão os déficits no autismo a fim de minimizar as perdas na convivência.

Mas e na prática, como funciona tudo isso? Então aqui colocarei alguns pontos que podem ilustrar essas questões no nosso cotidiano.

Pensem que, numa conversa comum, além do que é falado ainda tem muito mais que é dito sem ser pelas palavras. Sinais corporais, expressões faciais, tudo isso fala junto com o que é oralizado numa conversa. E justamente nesses pontos que a pessoa autista tem dificuldade de interpretação. Mesmo na fala propriamente dita, aquela que é verbalizada, ainda assim muitas vezes a pessoa diz uma coisa querendo dizer outra, faz uso de figuras de linguagem, metáforas, ironias, onde a pessoa com TEA também tem dificuldade de interpretação.

E para complicar um pouco mais, não apenas enquanto receptor, a pessoa autista apresenta esses déficits. Também como emissor existem essas características no sentido que muitas vezes a fala não condiz com suas expressões faciais ou com seu gestual, o que também dificulta a troca, mesmo que a pessoa seja oralizada.

Diante disso, podemos vislumbrar também como a importância da comunicação, ou a dificuldade de, tem estreita ligação com os outros critérios imperativos para o diagnóstico do TEA, a dificuldade de interação social e os interesses restritos e comportamentos repetitivos e estereotipados.

Percebam que ao comunicar de maneira ineficaz, a interação social também fica prejudicada por consequência, pois a socialização é muito dependente de comunicação. Quanto aos interesses restritos, obviamente também irão afetar nesse sentido pois torna-se difícil a interação quando o repertório é muito preso apenas a determinado assunto. E para concluir, comportamentos repetitivos e estereotipias também causam estranhezas que podem não facilitar a troca num contexto de socialização quando o que se espera são comportamentos típicos dentro do que a sociedade tem no seu senso comum como um padrão de normalidade.

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Presidente da ONDA-Autismo e membro do Conselho de Autistas; ativista; administrador da página @autiesincero no Instagram, servidor público federal, palestrante e escritor.

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