28 de março de 2024

Tempo de Leitura: < 1 minuto

Me parece que as pessoas estão vacinadas contra a dor do outro. Ninguém mais se importa. Outro dia recebi um e-mail de uma pessoa dizendo que estava desistindo dos encontros do Roda porque as histórias eram muito tristes e ele ficava com dor de estômago. Não consegui responder nada. Fiquei ali parada pensando, que decisão é essa? Não quero ouvir mais, assim não penso mais nisso. Receita dos nossos políticos. Receita dos planos de saúde. Afasto de mim, deixo de ouvir e finjo que não existem.

Mas existem e estão desesperadas: “é desumano o que eles fazem com a gente. Pensamentos de suicídio é um a cada milésimo de segundo em minha mente. Pelo amor de Deus, alguém tem que nos ajudar”. Se precisar vou reescrever todos os dias esse trecho de conversa. Essas vidas estão na conta do governo. Um governo irresponsável que só faz prometer e não cumprir. Que lutem pelos seus direitos. Com que armas se a munição está toda com eles?

Publicidade
Matraquinha

Vidas que se perdem. Crianças que se perdem e perdem sua chance de brincar, sorrir. Só essa semana, essa foi a segunda mãe que falou em suicídio comigo. Rogando por ajuda. Nessa quaresma estamos de fato revivendo a Via Crúcis de Jesus Cristo. Elas carregando a cruz da falta de atendimento de norte a sul dessa megalópole; sendo jogadas como bolas de um serviço para outro. E todos lavam as mãos.

COMPARTILHAR:

É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

Matraquinha lança canção infantil ‘Hora do Banho Divertido’, no 2/abril

Eventos culturais e caminhada marcam o mês do autismo em Goiânia

Publicidade
Assine a Revista Autismo
Assine a nossa Newsletter grátis
Clique aqui se você tem DISLEXIA (saiba mais aqui)