7 de agosto de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

Neste meu artigo de hoje, te convido a refletir sobre algumas dificuldades que autistas de nível 1 de suporte — um nível mais leve de suporte — encontram no seu dia a dia em casa, na escola, no trabalho, e na sociedade, em geral.

‘Você não parece autista’

Falamos muito sobre autismo nas comunidades das Pessoas com Deficiência; lemos centenas de artigos, participamos de eventos, de palestras e nós consideramos bem informados sobre o TEA. Aí, vem uma pessoa autista, inteligente, comunicativa, aparentemente “normal”, e as pessoas que tanto sabem de autismo esquecem como o autismo pode ser, na prática.

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Duvidar do diagnóstico de quem lutou muito por ele, justamente, porque não era óbvio demais, pode ser mais um baque para a pessoa autista. Ter esta parte da sua identidade em dúvida, pode desencoraja-la de falar sobre seu diagnóstico em algumas situações. Desse modo, vemos que apesar de tantos esforços, autistas com necessidade de suporte leve são discriminamos pela falta de informação sobre características de autismo que eles, às vezes, não têm como o contato visual, a capacidade de diálogo, o entendimento de figuras de linguagem, e outros sinais comuns em autistas com maior necessidade de suporte.

Quando alguém põe em dúvida o diagnóstico de uma pessoa autista, espera dela um comportamento não autista. Ao invés de incluírem, exigem do autista o que ele ainda não pode dar. Julgam o autista pelo padrão neurotípico. Isso não é inclusão.

Incluir é:

  • baixar o tom de voz se a gente sabe que o autista não suporta barulhos;
  • diminuir a luz de um ambiente se a gente sabe que dói nos olhos do autista;
  • ser claro e não usar ironia ou metáforas se a gente sabe que o autista não as compreende;
  • não supor que o autista inteligente e falante entenda tudo o que a gente diz. Faça perguntas para ter certeza que a pessoa te entende.
  • não discutir com o autista, a não ser que seja capaz de adaptar o modo de falar, e o tipo de comunicação. O autista tem um jeito lógico de pensar que nem sempre combina com o jeito neurotípico. A discussão pode deixar o autista muito nervoso e piorar a efetividade da comunicação.
  • Conversar com calma, sempre que possível.

Nem sempre podemos tratar os autistas como neurotípicos, às vezes, sim, às vezes não. Olhe para a pessoa, primeiro; o que ela faz, o que diz, como se comporta.

Lidar com autistas não é difícil quando a gente considera sua individualidade.

Autistas nível 1 de suporte adquirirem competências sociais através do seu potencial cognitivo. Com o passar dos anos, muitos passam a dominar bem esse processo, quase que automaticamente. No entanto, a pessoa autista permanece autista e, por isso mesmo, merece que pessoas neurotípicas enxerguem “além do autismo”, ou seja, interajam com o autista como ser humano: do jeito normal, sempre que possível. Adaptar meu modo de interagir, sempre que necessário, o que se traduz em respeito, igualdade e inclusão.

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Jornalista, mãe de um autista adulto, radicada na Holanda desde 1985, escritora — autora do livro Caminhos do Espectro (lançado no Brasil em dezembro de 2021) —, especialista em autismo & desenvolvimento e autismo & comunicação, além de ativista internacional pela causa do autismo.

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