19 de janeiro de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

A vacinação contra a Covid-19 foi liberada para crianças de 5 a 11 anos, iniciada para grupos prioritários como indígenas, quilombolas, crianças com deficiência e/ou comorbidades.

Crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) dessa faixa etária já podem, portanto, se vacinar, pois o autismo é considerado uma deficiência permanente, de acordo com a Lei 12.764, a “Lei Berenice Piana”.

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ExpoTEA

Essa informação é essencial para combater questionamentos e até mesmo para reforçar junto às famílias esse direito.

Por que vacinar?

Primeiramente pela saúde do seu filho. Por mais que as crianças, em geral, não tenham sido preocupação-alvo desde o início da pandemia, sabemos que muitas foram afetadas de diferentes maneiras por esse vírus e podem, assim como os adultos, ficar com sequelas. Há relatos de crianças que, após se recuperarem da doença, seguem, por exemplo, com o olfato distorcido, com tendência a ficarem mais seletivos em relação à alimentação – problema que se agrava ainda mais no contexto do TEA, no qual comumente há desafios com a alimentação. Há o risco ainda das crianças, não somente aquelas no espectro autista, desenvolverem um quadro raro chamado Síndrome Inflamatória Multissistêmica.

É importante vacinar crianças também pela sua contribuição na transmissão do vírus.

Quando comemoramos a chegada da vacina para esse grupo em especial, devemos lembrar que as crianças com TEA estiveram todo esse tempo mais suscetíveis à contaminação pela Covid, por diversos motivos, como:

  • Dificuldades para adotar medidas básicas de higiene e prevenção, como lavagem das mãos; uso de máscaras, álcool gel, etc;
  • Dificuldade em compreender e seguir recomendações como a necessidade de distanciamento, devido rigidez comportamental e, por vezes, déficits na linguagem receptiva;
  • Dificuldade em comunicar os próprios sintomas da Covid; 
  • Questões sensoriais, como, por exemplo, levar objetos e mãos à boca, o que as expõem a maiores riscos de contaminação;
  • Muitas crianças com TEA possuem seletividade alimentar, podendo ter uma alimentação com baixo valor nutricional;
  • Maior risco de comorbidades que possam agravar o quadro infeccioso.
  • É natural que os pais fiquem receosos, porém precisa ficar claro que a vacina é segura. 

A vacina disponibilizada e aprovada pela Anvisa para crianças de 5 a11 anos é a da Pfizer. É uma vacina de mRNA e não de vetor viral (vírus atenuado). E não se preocupem, a vacina não interage com nosso DNA. É utilizada em dose e quantidade de mRNA menores que a dos adultos, reduzindo ainda mais a chance de possíveis efeitos adversos. A vacina para crianças vem em um frasco de cor diferente, com a tampa laranja.

Por tudo isso, ter hoje a oportunidade de vacinar nossas crianças – e falando aqui especificamente das que estão no espectro autista –, é uma conquista muito importante!

Atentem-se a fontes confiáveis!

Diante de dúvida, não hesitem em conversar com profissionais de confiança e que já acompanham a criança, para se sentirem seguros em relação à vacinação.

Informem-se sobre o calendário de vacinação da sua cidade e sobre orientações para o agendamento.

Antes de vacinar é essencial dar previsibilidade sobre a vacinação. Expliquem de maneira simples, clara e com a linguagem que seu filho compreenda.

No dia da vacinação não se esqueçam de levar os documentos de identificação da criança e aqueles que comprovem o autismo ou outra deficiência e/ou comorbidade.

Vale esclarecer que esta vacina não é experimental e teve seu registro definitivo concedido pela Anvisa após ensaios clínicos (veja neste link da agência de notícias do Governo Federal).

Vacinas salvam vidas!

Referências

[Atualizado em 19/01/2022, 19h05 com link para o registro definitivo da vacina junto à Anvisa]

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Médica neuropediatra, especialista em Transtorno do Espectro do Autismo; autora do livro “Compreender e acolher Transtorno do Espectro Autista na infância e adolescência”, mestranda em análise do comportamento, conselheira profissional da Onda-Autismo, coordenadora e professora de pós-graduações e madrinha do projeto social Capacitar para Cuidar, em Angola.

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