19 de abril de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Hoje o tema é como ajudar uma criança autista em crise. Afinal, este colapso é diferente da birra. Há pouco estava conversando com uma colega, que trabalha em um espaço de socialização para crianças e famílias. Então, ela queria entender como acolher melhor as pessoas nesse contexto comercial.

Qual a diferença entre a birra infantil e a crise de autista?

Logo surgiu a dúvida: tem como saber quando é uma crise e quando é uma birra? Tem que observar, gente, mas tem uma diferença muito crucial aí. Isso porque a crise apresenta início, meio e fim. O que independe de todo o processo envolvido, de você tentar segurar a pessoa, de você tentar exigir algo dela.

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Já a birra é aquele comportamento mais comum de criança. Portanto, exige que a gente imponha limites para ela ter uma noção de regras e passar a viver socialmente melhor. Então, no caso de uma birra, a criança tem a malícia de uma criança com birra. Ou seja, ela quer alguma coisa e você não deu o que ela quer. Mas, quando você der, aquilo vai acabar. Aí os pais morrem de cansaço e a criança continua lá e fica feliz da vida. Por isso, o importante é essa negociação de regras.

Afinal, como ajudar uma criança autista em crise?

Então, a birra tem um motivo. Ou seja, há um propósito de conseguir algo. Portanto, faz parte do processo educativo da criança. Já na crise, há uma desregulação, uma perda de controle, que a criança fica com muito medo. Assim, fica muito agitada, bastante nervosa e, em muitos casos, agressiva. Aí ela começa a dar um trabalho parecido com o de uma birra. Porém, quando você tenta impor limites e agir com vigor, a criança só vai piorando. Dessa forma, ninguém ganha. É aquela coisa, na guerra não existem vencedores, só há guerra.

Então, como eu posso então ajudar se uma criança nesse lugar tiver uma crise? Nesse caso, precisa tirá-la do ambiente que a estressa a ponto de ter essa crise. Ou seja, se a criança tiver uma crise em um lugar muito barulhento, é preciso tirá-la de lá e colocá-la em um ambiente sensorialmente mais seguro e confortável. Assim, é possível mostrar à criança que ela está segura. Ou seja, que ela tem condições de se sentir mais tranquila no mundo. Afinal, o mundo já é muito difícil para uma criança autista.

Comportamento é comunicação

É que hoje, como adulta, eu consigo controlar minhas crises em muitos graus. Mas, quando criança, era mais difícil. Isso porque a vida era muito mais pesada quando criança. Então, antes de julgar, antes de rotular, vamos procurar entender que comportamento é comunicação. Com isso, entendemos o que fazer. E se não formos uma presença amorosa, a gente se afasta. Afinal, ficar colocando mais lenha na fogueira não vai ser bom para ninguém.

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Jornalista, escritora, apresentadora, pesquisadora, 24 anos, diagnosticada autista aos 11, autora de oito livros, mantém o site O Mundo Autista no portal UAI e o canal do YouTube Mundo Autista.

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