1 de junho de 2019

Tempo de Leitura: 2 minutos

É imensamente prazeroso dedicar-se a algo que você acredita fazer sentido. É como deixar-se envolver por um sentimento tão grande de compaixão por uma condição única do ser humano, que isso te impulsiona, no meio da sua própria dor, a acolher e abraçar, no sentido integral dessas palavras. Assim eu descrevo o que é organizar um grupo de suporte a pais, como o aMais SP. É presença, dignidade, união. É escolher estar disponível.

Os encontros mais valorizados pelas famílias normalmente são aqueles iniciados por alguém com quem os pais se sentem confortáveis. Tamanha é a dor, que os pais têm um desejo autêntico de ouvir que “nós estamos juntos”, “nós sabemos o que é isso”, ou “já passamos por isso”. Não há algo mais reconfortante do que saber que alguém já viveu, ou vive, na pele o que você às vezes nem consegue descrever em palavras.

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Foi assim comigo, há 9 anos, na minha angústia de encontrar um caminho. Assim como fazem muitas mães, passei horas na internet em busca de alguém que “validasse” o meu sentimento, e que me tirasse daquela escuridão do pós-diagnóstico. E nessa busca, encontrei algumas mães, uma em especial, com a mesma vontade de compartilhar a jornada voltada a suavizar a estrada para outras famílias que iniciam sua caminhada, ou que nela já seguem. Por isso, 8 anos atrás, Marie Dorion e eu organizamos os encontros do aMais SP.

Durante estes anos, construímos uma história de resiliência, tanto como grupo, quanto como mães e pessoas. Levamos absolutamente a sério a agenda e os valores do grupo. Mudamos o formato algumas vezes, mas nunca mudamos nossa essência de enxergar o potencial de cada família, independentemente do autismo, de dar-lhes assistência durante os encontros, ou de apontar-lhes caminhos para seu saudável desenvolvimento emocional, cognitivo e até mesmo físico. 

O cuidado com as crianças através de voluntários é algo único, que proporciona aos pais uma dose de tranquilidade, e que fazemos questão de ter em todos os encontros. Muitas vezes, ações pelas famílias valem mais do que palavras, dependendo do nível de estresse que cada uma enfrenta.

Quando compartilhamos nossas conquistas, alegramos outras famílias com nossas vitórias, dando-lhes esperança além de estratégias e ideias para a aprendizagem. Quando dividimos nossas incertezas e angústias, aliviamos nossos corações, fortalecendo o elo que nos une.

Um dos grandes aprendizados é que nem todas as famílias estão prontas para continuarem conectadas com o grupo, no sentido de compartilhar experiências, embora sempre tenham espaço para isso. Existem questões tão pessoais e internas, da história de cada um, que aprendemos a respeitar o tempo, e não superestimar uma saída mais abrupta do relacionamento com o grupo. Procuramos sempre ter relações duradouras com as famílias, construir pontes, comemorar as conquistas, abraçar-nos em momentos angustiantes. Nós damos espaço para a dor e a esperança!

Todo este esforço vale a pena! Conhecer cada família tem moldado nossas relações, aguçado em nós o desejo de ver cada uma delas construindo uma vida cheia de dignidade!

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