11 de novembro de 2023

Tempo de Leitura: 3 minutos

Em um feito pioneiro, a equipe de pesquisa da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), liderada pelo neurocientista brasileiro Dr. Alysson Muotri, cofundador das startups Tismoo.me e da Tismoo Biotech, realizou, em parceria com a Nasa (a agência espacial americana), o quarto envio de organoides cerebrais (“minicérebros”) para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês para International Space Station) — o primeiro envio aconteceu em 2019. O projeto, que decolou na 29ª missão de reabastecimento comercial da SpaceX, tem como objetivo entender a influência da microgravidade, radiação e outros fatores espaciais no processo de envelhecimento cerebral e contribui para sua pesquisa sobre autismo.

Vale destacar também que, recentemente, o Dr. Muotri fez uma proposta ao governo brasileiro para expandir essas aplicações para cientistas brasileiros, mas ainda não obteve resposta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil.

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A missão

Utilizando organoides cerebrais, que são versões miniaturizadas e laboratoriais do cérebro humano derivadas de células-tronco, os cientistas buscam esclarecer a resposta do cérebro aos estressores espaciais. Pesquisas anteriores já indicaram um envelhecimento molecular acelerado dos organoides na ISS. A nova experiência promete expandir a compreensão sobre a saúde cognitiva e explorar formas de proteger o cérebro contra o declínio cognitivo e melhorar os modelos de “minicérebros” para os estudos sobre transtorno do espectro do autismo (TEA) e outras condições do neurodesenvolvimento (Leia o artigo Minicérebros no espaço? Pra quê? para entender a relação entre autismo e o espaço).

Dr. Muotri enfatiza a importância da ISS como um ambiente insubstituível para simular a microgravidade por períodos prolongados, o que não é possível na Terra. O estudo, que faz parte de um amplo programa de investigação do Instituto de Células-Tronco Sanford, será conduzido em uma plataforma microfluídica automatizada e terá duração de 30 a 40 dias, exigindo pouco envolvimento dos astronautas. Nesta missão, duas pesquisadoras brasileiras do Muotri Lab participaram dos experimentos que estão sendo enviados à ISS, Luisa Coelho e Livia Luz.

Durante a permanência na ISS, os pesquisadores monitorarão o crescimento dos organoides e a morte celular, além de documentar as mudanças sofridas pelos modelos em resposta ao ambiente espacial. Com o retorno à Terra, serão analisadas as atividades celulares e coletados dados de expressão gênica para entender a resposta dos organoides ao voo espacial.

CRS-29

Os resultados podem trazer benefícios não só para futuros astronautas, mas também para a proteção do cérebro humano contra o declínio cognitivo na Terra, oferecendo novas perspectivas para o tratamento de doenças neurodegenerativas como demência, alzheimer e, logicamente, autismo.

A missão SpaceX CRS-29 zarpou do Centro Espacial Kennedy da Nasa, no Cabo Canaveral, Flórida (EUA), nesta sexta (6.nov.2023), às 00h01 — horário de Brasília. O sucesso desta missão reforça o compromisso contínuo com a pesquisa espacial e seu potencial para gerar descobertas revolucionárias na medicina regenerativa e na investigação aprofundada a respeito do transtorno do espectro do autismo (TEA).

5, 4, 3, 2, 1…

Numa postagem no Facebook, Dr. Muotri contou:

“Ontem decolou do Cabo Canaveral na Florida, nosso maior experimento biológico, feito por duas brasileiras (Livia e Luisa), para a estação espacial. São três payloads, com milhares de organoides cerebrais humanos, que irão crescer pelos próximos 30 dias em microgravidade. Os experimentos foram desenhados para entender os mecanismos de envelhecimento neural, abrindo perspectivas para o envelhecimento saudável e tratamento de milhares de condições neurológicas, incluindo autismo e demências. E de quebra, estaremos ajudando a colonização interplanetária. Pessoalmente, acho que o foguete leva ainda algo mais importante, a esperança de que a humanidade, ao olhar o mundo por uma outra perspectiva, consiga encontrar um caminho de se desenvolver sem autodestruição. Parabéns ao Brasil por treinar cientistas com esse calibre, sem medo de inovar. Que outros experimentos, tão fascinantes quanto esse, venham num futuro proximo.”

Veja, a seguir, o vídeo do lançamento do foguete com a pesquisa do Dr. Alysson Muotri rumo à ISS.

 

CONTEÚDO EXTRA

 

(Publicado originalmente no Portal da Tismoo Biotech)

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Editor-chefe da Revista Autismo, jornalista, empreendedor.

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