6 de outubro de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

O que o Censo representa para a sociedade? Por que o Censo é realizado e porque há tanta expectativa em função do atual?

Bem, essa é uma pesquisa realizada pelo IBGE a cada década para avaliar o crescimento, o poder aquisitivo, a escolaridade, as condições de saneamento básico, entre outros quesitos, da população de nosso país para a criação de políticas públicas e repasse de verbas mediante as necessidades apontadas. Os agentes do IBGE estão hoje em todos os cantos de nosso país.

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O Censo atual, feito com dois anos de atraso em função da pandemia, adicionou em sua pesquisa algumas perguntas inéditas: a que mais nos importa é sobre as pessoas autistas.

Imaginava-se que ao final do processo, teríamos uma amostragem real que poderia nos informar um número aproximado de pessoas com deficiência em nossa sociedade.

Hoje me encontrei com uma recenseadora e obviamente quis me inteirar de como andam as pesquisas. Perguntei sobre a recepção das famílias ao questionário, sobre a rotina de seu trabalho e, claramente, fui direto os que mais me interessava: como anda a amostragem sobre deficiência?

“Muito ruins”.

Ruins, como ruins? As famílias não estão atendendo os recenseadores? As famílias se negam a responder?

Ao contrário, quando sabem que estou no condomínio (há um sistema de localização de cada recenseador e ele passa cerca de duas semanas em cada condomínio para atender a demarcação solicitada para consulta), ligam para portaria para pedir que sejam as famílias da amostra para responderem sobre pessoas com deficiência na família. “Mas não é assim que funciona”.

Não? Não!

O questionário a que todos respondem são poucas perguntas e em nada indicam de fato quem são aquelas pessoas. O questionário da amostra, muito mais amplo e completo, é enviado pelo IBGE e, em sua maioria, com destino certo.  Em um condomínio de 184 unidades, apenas 6 (seis) questionários de amostra foram feitos e nenhuma pessoa com deficiência encontrada, embora era do conhecimento da recenseadora que lá havia no mínimo duas famílias com filhos autistas.  Ou seja, um percentual pouco maior que 3,25%.

Bem, cabe a nós ficarmos de olho. Segundo minha fonte, ainda faltam cerca de 60% das residências para finalizarem todo o processo. Um final que estaria planejado para 30 de outubro.

Fiquemos atentos aos resultados e aos percentuais de cálculo para nossa amostragem de pessoas com deficiência em nossa sociedade. A mim,  parece que teremos uma amostra muito menor que a realidade que vivemos.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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