23 de abril de 2023

Tempo de Leitura: 3 minutos

Pesquisas realizadas em 2022 mostram que 76% dos funcionários brasileiros preferem trabalhar em modelo semipresencial, indo ao escritório pontualmente para resolução de assuntos específicos. Apesar dos diversos benefícios do modelo de trabalho híbrido, há também um problema muito claro que ele gera: a quantidade de vídeo chamadas que temos que lidar.

Tal problema vai além de reuniões desnecessárias, dificuldade de conexão ou a interminável obra do vizinho de cima, pois a quantidade de estímulos que essas reuniões virtuais causam um efeito que já documentado cientificamente e conhecido como ‘’Fadiga do Zoom”.

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Sabendo que lidar paralelamente com diversos estímulos pode ser um desafio a mais para pessoas autistas, e embasados em artigos científicos que se dedicam a este tema, fizemos uma lista de ações que podem ser tomadas para diminuir esse efeito e tornar o trabalho mais produtivo e principalmente menos estressante.

Em minha própria experiência como pessoa autista, posso afirmar que um dia com muitas reuniões online pode ser tão cansativo quanto um dia de trabalho presencial, em que gasto um
par de horas no transporte público de São Paulo.

  1. Pausa entre as reuniões: é muito comum que tenhamos reuniões coladas umas nas outras, e sabemos que muitas vezes não dá para evitar, porém o ideal seria um tempo entre as duas reuniões, a fim de você conseguir digerir o assunto tratado em uma e se preparar para a próxima. Reuniões seguidas não só são cansativas, como também são contra produtivas.
  2. Visualizar somente quem está falando: durante uma reunião presencial, não vemos todas as pessoas ao mesmo tempo, e sim damos atenção a quem está falando no momento, por isso utilizar o modelo de visualizar em galeria pode ser muito cansativo devido a quantidade de estímulos visuais que tantos rostos causam. Por conta disso, utilizar o modo de deixar na tela somente quem está falando se parece mais com o mundo real e tende a ser menos cansativo e te ajuda a focar mais no que está sendo dito, e menos nos outros colegas de trabalho.
  3. Esconder sua própria câmera: outro estímulo que tira nossa atenção e faz o nosso cérebro trabalhar mais do que o necessário, são nossas próprias câmeras, pois ficamos mais focados em nossa própria aparência, postura etc. Então uma boa coisa a se fazer é no começo da reunião dar uma boa conferida em como você está aparecendo na câmera e depois disso selecionar a opção de esconder de si mesmo a sua própria visualização.
  4. Pauta: Apesar da importância de ter uma pauta do que foi dito durante a reunião para nosso registro, é primordial que cada reunião tenha um ou mais assuntos que devem ser tratados e decididos previamente e expostos a todos os participantes. Uma boa estratégia é colocar na descrição do próprio convite de cada reunião os temas em perguntas como “como está o faturamento anual da empresa?” que devem ser respondidas até o final da reunião, ainda que seja algo como “Ainda não sabemos, o pessoal do financeiro irá trazer a resposta até a próxima sexta”.
  5. Essa reunião é realmente necessária? Provavelmente todo mundo já saiu de uma reunião e pensou “isso aqui poderia ter sido um email” ou então “por que me colocaram nessa chamada, que não tem nada a ver comigo?” e por isso vale sempre a pena refletir se todas as vídeo chamadas que temos feito precisam ter acontecido e se todas as pessoas que participaram dela também precisavam estar presentes.

Basicamente todas as dicas que reunimos aqui são exemplos de acessibilidade que podem ser colocadas em prática de maneira individual, a custo zero, sem alterar o modelo de trabalho de toda a empresa e gerando um ambiente menos estressante, cansativo e mais produtivo, principalmente para pessoas autistas, mas também para todos os funcionários.

Igor Feracini

Formado em Gestão Financeira e pós graduado nas áreas de Recursos Humanos, Estratégia Empresarial e Diversidade e Inclusão, atua como analista Administrativo na Specialisterne.

Referências
Quais as consequências do excesso de reuniões virtuais?
The Zoom Effect: Exploring the Impact of Video Calling on Appearance Dissatisfaction and Interest in Aesthetic Treatment During the COVID-19 Pandemic
The Zoom Effect: A Google Trends Analysis
Transitioning from Face-to-Face to Remote Learning: Students’ Attitudes and Perceptions of using Zoom during COVID-19 Pandemic
Post-COVID-19 Adaptations; the Shifts Towards Online Learning, Hybrid Course Delivery and the Implications for Biosciences Courses in the Higher Education Setting

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