1 de setembro de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

Passaram por lá diversos autores, youtubers, influenciadores e minha família.

Minha esposa Grazy, minha caçula Thata, meu filhão Gabriel, meu sobrinho Gustavo e eu também marcamos presença na feira do livro.

Publicidade
Matraquinha

O primeiro dia do evento foi matéria nos principais telejornais e os estandes quase não apareciam, pois estavam encobertos por um mar de gente.

Sobreviventes do primeiro dia disseram que levaram 30 minutos para andar 15 metros entre a praça de alimentação e um estande com livros em promoções. Outros se perderam e, felizmente, poucos minutos depois se encontraram.

Lanches com preços e qualidade de eventos dessa magnitude: extremamente caros e sofríveis. Além do estacionamento custar uma pequena fortuna que poderia ser convertida facilmente em uns quatro livros.

Nada disso seria impeditivo para que minha família perdesse essa experiência cultural. 

Preparamos uma mochila de dar inveja aos aventureiros que se arriscam a escalar o Everest ‒ ela facilmente estaria pesando uns 10 quilos. Tínhamos snacks, água, suco, frutas, mudas de roupas, lenços umedecidos e álcool gel.

A noite que antecedeu nossa visita foi bem tranquila, nos alimentamos com comidas leves, assistimos a um filme divertido e tivemos uma excelente noite de sono.

Dia seguinte e já estávamos dentro da tão sonhada e esperada Bienal, aquele cheiro de livro novo é inconfundível, dezenas de editoras conhecidas se revezavam com editores independentes.

O meu filho Gabriel, autista nível 2 (grau moderado), entrou um pouco assustado, mas, para nossa sorte, o primeiro estande que surgiu à frente apresentava milhares de mangás, que é o nome dado às histórias em quadrinhos de origem japonesa.

Entre um estande e outro, Gabriel se sentava no meio do corredor para descansar um pouco e ver algum vídeo no celular com pessoas contando até 100 ou desenhos do Naruto, personagem de anime japonês.

Aproveitávamos essas pausas para nos hidratar, comer alguma coisa e fazer com que a mochila perdesse alguns quilos. Porém, a cada banana que era comida, o espaço era substituído por um livro.

Meu filho intercalava sua atenção entre os mangás e os livros de conteúdo infantil, minha filha só pensava em tirar fotos com personagens de livros (como o cachorrinho Pum, o Diário de um Banana e a Turma da Mônica). Grazy e eu só ficávamos observando e aproveitando o momento, enquanto meu sobrinho estava empenhado em encontrar promoções de livros.

Algumas horas depois, todos exaustos, minhas costas estavam imprestáveis por causa da mochila, mas o sentimento era de felicidade pelo fato de termos sobrevivido ao passeio sem maiores intercorrências. Mesmo com todos os estímulos sensoriais, meu filho conseguiu suportar e levar tudo da melhor maneira possível.

No caminho de volta, deixamos o nosso sobrinho em casa e a Renata, minha cunhada, nos aguardava em frente ao prédio.

A Thata já estava dormindo no carro. Desembarcaram a Grazy, o Gabriel e eu para dar um beijo nela e em seguida pegar o caminho de casa.

Além de tia, ela também é madrinha do Gabriel e quando ele percebeu que aquela descida do carro seria apenas de poucos minutos, simplesmente se jogou no chão como se estivesse em uma piscina de bolinhas e não houve braços e costas suficientes para fazê-lo levantar.

E você aí achando que terminaríamos esse dia sem que o autismo fosse dar o ar da graça.

COMPARTILHAR:

Pai do Gabriel (que tem autismo) e da Thata, casado com a Grazy Yamuto, fundador da Adoção Brasil, criador do app matraquinha, autor e um grande sonhador.

André e a Turma da Mônica em: Fama

A arte e como os estereótipos nos marcam

Publicidade
Assine a Revista Autismo
Assine a nossa Newsletter grátis
Clique aqui se você tem DISLEXIA (saiba mais aqui)