2 de fevereiro de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Quando falamos de preconceito relacionado ao tema da pessoa com deficiência, falamos de capacitismo e de falta de informação. O capacitismo é maior barreira contra uma sociedade mais acessível. É o pensamento de que ‘ele não vai entender’, ‘ele nem sabe que isso existe’, ‘isso é chilique’, entre tantas outras frases que pessoas capazes e autônomas ouvem no seu dia a dia apenas por serem diferentes.

Quando falamos de autismo, a coisa fica ainda pior. Ou são escravizados pelas suas competências ou são isolados pela sua não compreensão das tão complexas regras sociais. A invisibilidade do autismo enquanto deficiência e autonomia de algumas pessoas no espectro levam a sociedade típica a negar suas vulnerabilidades e seu modo de ser e se defender de um mundo com regras incongruentes e cheio de radicalismos.

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Por mais que se esforce, o autista está sempre devendo à sociedade. Seja pela competência que muitas vezes seu hiperfoco revela, seja pelas roupas que usa, seja por sua excessiva e sincera forma de se expressar.

O stress da sonoridade da vida urbana, do imenso vai e vem de milhares de pessoas nos transportes públicos, da chuva e do sol no mesmo dia, esbarrões, sorrisos, é uma faísca num barril de pólvora. Nenhum neurotípico, por mais estressante que tenha sido seu dia, pode dizer que sabe do que o autista está falando. É muito além do que o cérebro típico possa alcançar.

E ponto. É sobre isso, sobre não tentar igualar vivências porque não há equiparação.

É preciso respeito e informação. É preciso aceitação da diferença sem querer torna-la menos diferente para aliviar nossas próprias consciências.

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo foi criado pela ONU em 2007 com a finalidade de informar, conscientizar sobre o autismo. Para tanto e para além do dia 2 de abril e dos inúmeros monumentos iluminados em azul ao redor do mundo, os familiares de autistas do grupo Roda de Conversa do TEAMM – UNIFESP iniciam uma campanha pelas redes sociais com frases sobre o protagonismo das mães atípicas relacionadas ao acompanhamento longitudinal de seus filhos: os sucessos, as dores e a desinformação que fere e até mata.

São frases sobre “o alto custo da competência de alguns autistas”, a “exigência em andarem no ritmo dos típicos” ou ainda, sobre a “desqualificação da mão de obra barata do autista”.

Se quiser vir com a gente, mande sua frase para o Canal Autismo ou para meu Instagram @paulaayubb, que faremos sua arte e publicaremos em rede.

Não basta mais informar, precisamos mudar.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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