1 de setembro de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

A capa desta edição traz um assunto polêmico e delicado, o canabidiol — ou simplesmente CBD. Os dois adjetivos ganham potência quando se trata de extremistas que amam ou odeiam a substância, ao invés de tratar o tema com objetividade.

Há os que pensam que o CBD será a solução para quase tudo. Há os que, por sua vez, acreditam que não serve para quase nada. As paixões turvam a vista. A ciência, porém, não vive (ou não deveria) de paixões e tem testado a substância cada vez mais. Muitos estudos estão em andamento, mas será necessário produzir muito conhecimento científico ainda para responder a diversas questões que envolvem o canabidiol.

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Para casos que envolvem alguns tipos de epilepsia refratária (de difícil controle) — e que outros medicamentos já foram testados —, a ciência tem confirmado o efeito benéfico do CBD. Em muitos autistas com epilepsia, os relatos também dão conta de melhoras para além das crises convulsivas. Efeito placebo? O canabidiol melhora algo nos sinais e sintomas diretamente ligados ao autismo? É bom para alguns apenas? Quais os efeitos colaterais? Ainda não temos respostas precisas e definitivas para essas perguntas.

A pesquisa mais promissora acontece atualmente na Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), com o neurocientista brasileiro Alysson Muotri, com um teste clínico com autistas e, em paralelo, o estudo com organoides cerebrais (os “minicérebros”) produzidos a partir do DNA desses mesmos autistas — algo inédito na ciência! Será importante para entender, não somente os efeitos do CBD em autistas que não têm epilepsia, como também saber se a molécula chega no cérebro de todos e como age, inclusive com a análise genômica dos participantes. O estudo deve ser publicado no início do ano que vem e pode trazer respostas surpreendentes.

O que temos de fato, por enquanto, são médicos prescrevendo o CBD a pessoas autistas. Quem usa e não vê efeito positivo, logicamente, desiste. Quem tem benefícios observados, segue com o uso do canabidiol. A reportagem que fizemos traz a experiência de quem tem usado o canabidiol continuamente, portanto, experiências com algum benefício. Portanto, uma reportagem que tem um viés, uma parcialidade, pois é quase impossível encontrar quem use o canabidiol continuamente mesmo tendo malefícios. Esse é um tema que ainda vai longe e há uma imensidão a ser descoberta e discutida.

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Editor-chefe da Revista Autismo, jornalista, empreendedor.

Revista Autismo número 22 — Índice

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