30 de junho de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

Autonomia e independência são palavras muito usadas atualmente quando abordamos o autismo em adultos. Falamos de um trabalho visando a autonomia e de atividades que promovam a independência. Mas o que isso quer dizer?

Há famílias que nos relatam que o autista se locomove pela cidade com independência, mas que não sabe agendar um horário no médico. Como isso se explica?

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Apesar de estarem relacionados, são conceitos diferentes; muitas vezes interdependentes e, outras vezes não. Como assim?

Autonomia até pode ser considerado um conceito mais complexo, já que exige do indivíduo o saber fazer o que deve ser feito sem interferências do meio. Por exemplo, quando entro na cozinha e vejo a pia cheia de louça, logo penso: “nossa, preciso lavar a louça”. Arregaço a manga e, pronto! Louça limpa. Isso é autonomia. Minha cabeça coça e já sei que meu cabelo está sujo e preciso lavar. Ninguém precisa me dizer o que deve ser feito; eu percebo, reconheço a necessidade e realizo a ação.

Se eu consigo realizar as ações sozinha, então sou independente. Caso contrário, tenho autonomia, mas dependo de alguém para me ajudar a realiza-las.

Ao que me parece, a autonomia é mais difícil de ser conquistada. Sempre há alguém dizendo: vai tomar banho, vai fazer lição, vai colocar o sapato, vai… é sempre uma demanda de fora para dentro. O que por vezes pode deixar a pessoa ‘de s… cheio’ de tantos comandos.

Ah, mas se não mando não faz!

Vamos pensar que, se não mandarmos tanto, podemos criar necessidades. Aquelas que vêm de dentro para fora, quando o indivíduo percebe a necessidade por si mesmo. Parece difícil. É difícil. Principalmente para mães e educadores. Mas posso garantir que o exercício vale a pena, principalmente se pensarmos no longo prazo.

O exercício a que me refiro é o de nós mães e pais nos afastarmos um pouco, darmos espaço para que nossos filhos possam aprender suas necessidades. Nosso papel, na realidade, é nos tornarmos dispensáveis nas vidas deles, para nos reconectarmos às nossas próprias.

Como já disse uma vez, o futuro cresce dentro de casa.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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