1 de setembro de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

Para quem conhece Luiz Felipe Pondé, bem sabe que a arte em brincar com as palavras faz parte do seu show.

Em recente coluna na Gazeta do Povo, ele conversa com seu leitor descrevendo a moda do comportamento atual.

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Segundo ele e, segundo minha compreensão do texto em questão, a reflexão vem sobre comentários nada ortodoxos sobre o autismo e sobre o modo como a questão vem sendo tratada em filmes e séries.

A ciranda que envolve as palavras da coluna confunde o leitor porque traz questionamentos acerca do meio ambiente “destrutivo, como causa do autismo” em defesa de uma profissional abordando a questão do autismo segundo Winnicott.

Primeiramente, o modo causal de abordar a questão do autismo ficou no passada há muito tempo, aliás, o paradigma de causa e efeito sobre tudo ficou no passado. Então, sobre esse tema, nem vale a pena nos delongarmos aqui. E não, o ambiente por si não define quem somos.

Mas, ele aborda uma questão que muito me interessa. A mídia, de um modo geral, vem glorificando o modo autista de pensar, como uma chave de ouro ao capitalismo; do tipo ‘use e abuse do seu hiperfoco e terá um excelente funcionário’. The Good Doctor e Uma Advogada Extraordinária são exemplos disso.

Mas todos nós sabemos que esse exemplo de funcionário paga um preço alto no seu dia a dia em termos de relacionamentos, pressão social, cumprimento de regras sem sentido, reconhecimento de intenções subjetivas entre tantos outros pontos de profundo desconforto ao autista.

Hype significa tendência, algo amplamente difundido em um período. E quando Pondé diz que o autismo é o “novo hype” , ele está se referindo à esse comportamento focado e de sucesso descrito nas séries e filmes. E ele está errado?

Então apenas resumindo:

  1. Não, mães não são causadoras do autismo de seus filhos;
  2. Não, autistas não são comparáveis às frases “mas todo mundo sofre com relacionamentos”;
  3. Sim, autismo tem sido foco de especializações ‘por dar dinheiro’;
  4. Sim, há uma busca pelo ‘autista ideal’ para se contratar;
  5. Não, as pessoas não entenderam ainda que cada autista é único e não pode ser tipificado.
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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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