1 de dezembro de 2019

Tempo de Leitura: 1 minuto

Minha esposa e eu sempre tivemos o sonho de ter filhos e como a vida gosta de nos pregar uma peça, descobrimos que não poderíamos ter filhos biológicos.

A gestação na adoção é um pouco diferente da biológica, que dura em média de 40 semanas, para se ter uma ideia, a nossa passou de 200 semanas.

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Quando adotamos o Gabriel ele estava com dez meses de vida e seu desenvolvimento estava de acordo com o esperado para a idade.

Quer dizer, quase tudo estava conforme o esperado. Ele não falava tampouco balbuciava, mas sempre apontava para os objetos de interesse.

Eu afirmava que era por falta de estímulo do abrigo e minha esposa suspeitava de algo mais.

Quando ele estava com dois anos e meio fizemos a matrícula em uma escolinha para que pudesse conviver com outras crianças e assim trabalhar a tal “falta de estímulos”.

Antes de iniciar as aulas tivemos uma entrevista com a psicomotricista da escola. Após um mês do início das aulas, ela nos chamou para uma nova conversa e entregou um relatório recomendando uma consulta em um neuropediatra.

Fizemos o recomendado e em dez minutos de consulta recebemos o diagnóstico de autismo. O anúncio foi feito sem rodeios.

— Ele tem autismo!

Na volta para casa, entre uma lágrima e outra pensei em processar a neuropediatra. “Afinal de contas, ela nem conhece meu filho e dá um diagnóstico deste em tão pouco tempo”, pensei.

Chegando em casa, começamos a pesquisar e pouco tempo depois a “ficha caiu”.

Começamos a observar os comportamentos do Gabriel, assistir a vídeos caseiros e com os olhos mais treinados percebemos que o autismo sempre esteve ali, com seus movimentos estereotipados com as mãos, pulinhos e gritinhos.

Choramos, nos abraçamos, enxugamos o rosto e começamos um novo capítulo de nossa história.

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