18 de julho de 2025

Tempo de Leitura: 2 minutos

Ser uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em um país continental como o Brasil é um desafio. Não apenas pelas dificuldades de acesso ao diagnóstico especializado, mas também por conta do capacitismo estrutural, que interfere na garantia de direitos básicos, desde o acesso ao mercado de trabalho até o direito de explorar a própria sexualidade.

De acordo com o artigo 25 da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, elaborada pela Organização das Nações Unidas (ONU), os Estados-membros se comprometem a oferecer acesso gratuito a serviços e programas relacionados à saúde sexual e reprodutiva para pessoas com deficiência. No Brasil, para efeitos legais, o autismo é considerado uma deficiência.

Publicidade
CBI of Miami - 20250424

Quando falo sobre sexualidade, não me refiro necessariamente a ensinar ou discutir sexo de forma direta, mas sim à autoestima e à capacidade que a pessoa autista, seja homem ou mulher, tem de expressar seus afetos e desejos. Desde cedo, para satisfazer expectativas sociais, somos desestimulados a desenvolver esses aspectos naturais da vida humana.

No caso específico das pessoas autistas, essa repressão é agravada por uma ideia equivocada, muitas vezes reproduzida dentro da própria comunidade atípica, de que “autistas não crescem, são anjos azuis e assexuados”. Essa noção está completamente desconectada da realidade. Autistas crescem, sim. E não “viram” autistas do dia para a noite. O que temos observado é um aumento nos diagnósticos em idade adulta, o que não significa ausência de desejo ou identidade sexual.

A visão de que autistas adultos são assexuados é uma retórica usada, muitas vezes, como forma de exercer controle sobre os corpos dessa população historicamente negligenciada. É uma verdade desconfortável para muitos, especialmente quando existem interesses financeiros envolvidos, em detrimento do bem-estar das pessoas autistas.

Estudos preliminares da comunidade científica revelam que muitos autistas enfrentam problemas de ansiedade e autoestima, especialmente devido à repressão da própria sexualidade. Essa repressão, enraizada em crenças sociais equivocadas, leva à sensação de que jamais serão desejados. Como consequência, muitos desenvolvem problemas sérios de saúde mental por conta desse tipo de violência psicológica.

Felizmente, essa realidade começa a mudar. Com a ajuda das redes sociais, muitas pessoas autistas têm desafiado esses estereótipos e enfrentado os tabus que envolvem o tema. Um exemplo notável desse trabalho é o da jornalista, sexóloga e autista Vânia Galha, criadora do perfil @sexualidadeautista no Instagram, que já conta com mais de 2.175 seguidores.

No perfil, a profissional compartilha informações valiosas sobre sexualidade, ajudando homens e mulheres atípicos a compreender que é possível, com adaptações, experimentar prazer, autoconhecimento e elevar a autoestima. Recentemente, Vânia lançou o e-book Desvendando a Sexualidade Autista: Autoconhecimento, liberdade e prazer, disponível para compra na Amazon.

CONTEÚDO EXTRA

Link para comprar o livro: https://www.amazon.com.br/Desvendando-sexualidade-autista-Autoconhecimento-liberdade-ebook/dp/B0F2ZN45JT/

COMPARTILHAR:

Jornalista, autista e ativista na luta antirracista.

Corrida temática de autismo ocorre em Duque de Caxias

Podcast debate diferenças entre amizades autistas e hiperfocos divergentes

Publicidade
Assine a Revista Autismo
Assine aqui a nossa Newsletter grátis
Clique aqui se você tem DISLEXIA (saiba mais aqui)