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Uma equipe de pesquisadores liderada pelo neurocientista brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), realizou uma descoberta significativa que demonstra a capacidade de reverter danos neurológicos associados à Síndrome de Rett e proteger o cérebro de astronautas contra o envelhecimento acelerado em missões espaciais. A pesquisa, cujos resultados foram divulgados recentemente em dezembro de 2025, foi publicada no repositório bioRxiv e destaca um avanço potencial no tratamento de condições neurodesenvolvimentais e na saúde espacial, de acordo com reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, em 25.dez.2025.
Os pesquisadores descobriram que a combinação dos medicamentos antirretrovirais lamivudina e estavudina é eficaz em impedir o dano neurológico típico da Síndrome de Rett. Os testes foram conduzidos em minicérebros, que são modelos cerebrais desenvolvidos em laboratório, e em camundongos. Essas drogas, já utilizadas no combate a vírus como HIV e hepatite B por bloquearem a multiplicação do RNA viral nas células, também demonstraram a capacidade de proteger modelos celulares que reproduzem o cérebro do envelhecimento precoce.
Descobertas e Relevância
A Síndrome de Rett é uma doença genética rara, predominantemente feminina, causada por mutações no gene MECP2, localizado no cromossomo X. Este gene é crucial para regular importantes funções cerebrais e sua alteração resulta em disfunção das células cerebrais, causando problemas na fala, nos movimentos e na respiração, com os primeiros sintomas surgindo nos seis primeiros meses de vida e acarretando em perda progressiva de habilidades cognitivas. A ideia de testar os medicamentos antirretrovirais surgiu, conforme o neurocientista Alysson Muotri, pela causa conhecida da síndrome, ligada a um único gene. O estudo também explorou a relação da microgravidade com o envelhecimento cerebral, enviando minicérebros à Estação Espacial Internacional, onde a aceleração do envelhecimento ativa processos inflamatórios.
A pesquisa representa um passo importante tanto para a área da neuroproteção quanto para o desenvolvimento de terapias para a Síndrome de Rett, uma condição que gera atrasos no neurodesenvolvimento similares a formas severas do transtorno do espectro autista (TEA). A Food and Drug Administration (FDA) já concedeu aprovação para testes em crianças com a síndrome, abrindo novas perspectivas de tratamento. Informações completas sobre esta reportagem de Ana Bottallo estão disponíveis no site da Folha de S.Paulo, que pode ser acessado neste link.
Francisco Paiva Jr.




