12 de setembro de 2025

Tempo de Leitura: 2 minutos

O podcast Introvertendo, feito por autistas adultos e voltado a discutir vivências no espectro, publicou na sexta-feira (12) o episódio 273, intitulado Habilidades Sociais – parte 2. A conversa contou com a participação de Brendaly Januário, Bruno Frederico Müller, Izabella Pavetits e Marx Osório, todos diagnosticados com autismo, e dá sequência ao material lançado na semana anterior.

Os participantes refletiram sobre como as dificuldades de comunicação afetam relacionamentos familiares, amizades, trabalho e vida acadêmica. “Quando estou no meu contexto familiar, que moro com meus pais, tenho menos dificuldade, porque já conheço bem o padrão deles. São as únicas pessoas no mundo que eu consigo de fato identificar pelo tom de voz ou pelo jeito da boca se estão chateados. Já em contextos externos, isso é muito mais difícil e sujeito a erro”, disse Izabella.

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Bruno destacou que a sinceridade excessiva trouxe prejuízos. “O sincericídio é o meu maior problema em relacionamentos afetivos e familiares”. Brendaly relatou como a convivência com a mãe, também autista, gera ruídos de comunicação. “Às vezes a gente brigava muito, porque eu não entendia o que ela queria dizer e ela também não me entendia. Hoje, depois do diagnóstico, a gente para e fala: ‘Calma, autista aqui’”, afirmou. Marx contou que só percebeu as consequências de sua comunicação ao começar um relacionamento sério. “No relacionamento amoroso adulto ficou claro que o problema era a falta de habilidades sociais e de compreensão socioafetiva. Sem diagnóstico e terapia, dificilmente eu estaria com alguém hoje. As feridas emocionais são irreversíveis, mas é possível reconstruir”, argumentou.

Já, em relação ao ambiente de trabalho, Izabella ressaltou dificuldades desde o processo de seleção. “Em entrevistas de emprego eu sempre era reprovada porque avaliavam soft skills, que são basicamente habilidades sociais. Depois que passei em concurso, achei que o problema acabaria, mas não. Como jornalista, preciso interpretar sinais e entrelinhas, e minha chefe não aceitou as adaptações que pedi. Disse que eram apenas ‘questões de costume’. Isso me machucou muito”. Com base na experiência de Izabella, Marx acrescentou que o ambiente profissional exige habilidade extra para lidar com capacitismo. “Lidar com a ignorância de chefes e colegas é também uma habilidade social”, disse.

Ao fim do episódio, Marx concluiu que “o autista que não se desenvolve também se torna um problema social. Precisamos de acompanhamento para não causar prejuízos a nós mesmos e às pessoas ao nosso redor. Mas é claro, cada um tem seu limite, e ele deve ser respeitado”.

O episódio está disponível para ser ouvido em diferentes plataformas de podcast e streaming de música, como Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Amazon Music e CastBox, ou no player abaixo, além de uma versão em vídeo no YouTube do NAIA Autismo. O Introvertendo também oferece transcrição de seus episódios e uma ferramenta em Libras, acessível para pessoas com deficiência auditiva.

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