1 de setembro de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

Podcast de autistas deixa legado de discussões acerca dos mais diversos assuntos ligados ao ecossistema do autismo em 260 episódios

Autistas com diagnósticos caracterizados por déficit na comunicação social. Se você ainda tem em sua mente o estereótipo de que nenhum autista vai se comunicar bem, é você quem precisa ampliar seu repertório! Não só há muitos que se comunicam com eficiência, como até mesmo fazem podcasts, e não são tão poucos assim.

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Quero falar especificamente do grupo que fez o primeiro podcast de autistas no mundo, os brasileiros do Introvertendo. Sim, todos eles têm, em algum nível, déficits na comunicação social, senão não teriam seus diagnósticos. Mas esse é um assunto tão complexo e envolve tantos conceitos — da efetividade da comunicação verbal e não verbal a contextos, ambientes, crises sensoriais e até emojis, em alguns casos  — que não vou abordar aqui.

O assunto é o encerramento do podcast Introvertendo, que deixa um enorme legado de debates, informações e o principal: ter dado voz à pessoa autista no Brasil. O próprio slogan do Introvertendo fala por si só: “O podcast onde autistas conversam”. Além de quebrar paradigmas e esmagar o estereótipo do “autista que vive no seu próprio mundo”. Eles, pelo contrário, saíram para o mundo e se expressaram! E não foi pouco. Produziram mais de 200 horas de podcasts, com 155 convidados, em 260 episódios. O público ouvinte fez meio milhão de downloads, fora os plays nas plataformas de streaming, como Spotify e outros.

Mas, se é esse sucesso todo, por que acabar? O jornalista Tiago Abreu, idealizador do podcast explica: “Quando o podcast foi lançado, tinha previsto que a gente ia durar 2 anos porque eu queria que o episódio 100 coincidisse com o nosso 2º aniversário. Desde aquele momento do aniversário, em 2020, eu fui conversando com alguns integrantes. Tão importante quanto lançar o projeto, ver que ele está dando certo, é saber a hora certa de parar. Eu vejo o Introvertendo como uma banda. Tem bandas que sabem o momento de parar e conseguem preservar o seu próprio legado. E tem bandas que se desgastam com o tempo, manchando a sua própria obra”.

Tiago ainda comentou sobre o planejamento desse gran finale: “O fim do podcast não é o cancelamento do projeto. Nós trabalhamos por um ano e meio nisso, de forma que seja uma conclusão do Introvertendo. Não é uma ação precoce, foi uma decisão que nós tomamos há muito tempo e trabalhamos com tranquilidade, em silêncio, pra anunciar agora”, me contou Tiago Abreu no dia 7.jul.2023, ao revelar o fim do Introvertendo.

Luca Nolasco, outro integrante do grupo, se surpreendeu com o alcance do podcast: “Quando a gente começou, eu ainda era menor de idade. Sobre a expectativa, eu não não achei que iríamos ter mais do que três capítulos”. Para Carol Cardoso, fazer parte do Introvertendo significou deixar uma marca na história do autismo: “Vejo que o maior legado do introvertendo é mostrar que autistas crescem, que autistas podem gerenciar um projeto e ter sucesso nele e que podemos alcançar muitas pessoas. E que a experiência do Introvertendo estimulou muitos outros criadores, que hoje estão com seus próprios projetos de podcast ou outras páginas. Isso é muito positivo”, finalizou ela.

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Editor-chefe da Revista Autismo, jornalista, empreendedor.

Autismo + canabidiol (CBD)

Condições associadas: autismo e TDAH

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