O podcast Introvertendo, feito por autistas adultos e voltado a discutir vivências no espectro, publicou nesta sexta-feira (14) o episódio 269, intitulado A Arte do Flerte. A conversa contou com a participação de Brendaly Januário, João Victor Ramos, Maysa Antunes e Ana Julia Sena, todos diagnosticados com autismo.

Os participantes abordaram as dificuldades de comunicação e interpretação de sinais no contexto da paquera. “Flertar é muito difícil, porque envolve inúmeras regras, como olhar nos olhos e ter posicionamento corporal. Para mim é um caos”, relatou Brendaly. Já João Victor comentou disse que “mesmo depois de receber abertura para o flerte, tenho dificuldade de prosseguir e manter o interesse de forma constante”.

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Entre os temas discutidos, também estiveram as diferenças entre flertar presencialmente e por aplicativos, experiências com ansiedade, papéis de gênero e a percepção sobre relacionamentos no meio LGBT. “Eu tenho dificuldade de entender se a pessoa está dando sinal para mim ou para outra pessoa, e também de demonstrar interesse”, disse Maysa. Ana Julia acrescentou: “Quando conheci meu namorado, tive que tomar iniciativa, porque ele não pedia meu número nem me chamava para sair”.

O episódio está disponível para ser ouvido em diferentes plataformas de podcast e streaming de música, como Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Amazon Music e CastBox, ou no player abaixo, além de uma versão em vídeo no YouTube do NAIA Autismo. O Introvertendo também oferece transcrição de seus episódios e uma ferramenta em Libras, acessível para pessoas com deficiência auditiva.

A volta do Introvertendo

A nova formação do podcast Introvertendo retomou suas atividades efetivamente no Dia do Orgulho Autista, no dia 18 de junho. Em entrevista, o fundador e atual diretor geral do projeto, Tiago Abreu, contou que a maioria dos primeiros episódios até A Arte do Flerte foram gravados antes do lançamento oficial do projeto. “Começamos a nos reunir em janeiro, e em março gravamos cinco pilotos, três deles foram lançados: Sincericídio, A Arte do Flerte e Autismo e Viagens. Foram episódios que não sabíamos se lançaríamos, mas achei que valeria a pena colocá-los no ar”, afirmou.

Ele também disse que a experiência de dirigir uma nova formação é totalmente nova. “Surgiu muita insegurança por parte deles, e confesso que minha também. Mas, no estado atual das coisas, com o feedback positivo do público, eles estão mais à vontade. Já temos os dez próximos episódios prontos e a evolução é notável. Quando começamos na outra formação, ninguém estava pronto, foi um processo de anos até atingir a maturidade dos nossos materiais mais bem-sucedidos”, argumentou.

Um dos sinais positivos do público, segundo ele, é o sucesso de alguns cortes nas redes sociais, especialmente uma fala de Marx Osório sobre identificação de padrões no episódio O Desafio das Amizades – parte 1, que alcançou mais de 100 mil visualizações apenas no Instagram. “Começamos essa formação do zero. Sem canal no YouTube, porque o canal Introvertendo virou meu. Criamos conta nova do TikTok. Só tínhamos conhecimento do território do áudio. Tem sido algo muito novo pra nós e ainda estamos descobrindo todas as possibilidades. Mas estou muito feliz com tudo, as coisas tem evoluído muito rápido”, finalizou.