13 de agosto de 2025

Tempo de Leitura: 2 minutos

Eu não sabia, até conhecer uma pessoa que frequenta o Roda de Conversa de familiares de autistas acima de 15 anos, do Centro Especializado em Transtorno do Espectro Autista “Marcos Mercadante”, da Universidade Federal de São Paulo (Teamm – Unifesp) em parceria com o Instituto Noos, a Graziella Santos de Aguiar, de 41 anos, mestre em arquitetura, urbanismo e design (2021) e casada com Bruno Augusto Vecchi Oliveira, 39 anos, autista nível 2 de suporte.

A neuroarquitetura é a união entre design e adequação e requer muita dedicação para o equilíbrio entre as diferentes necessidades individuais.

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Grazi, como a chamamos, em uma das noites de nossos encontros, fez uma apresentação de seu trabalho que nos deixou extremamente fascinados: como adequar um ambiente para um autista. Sua apresentação não falava de nada parecido com o que vemos nas salas sensoriais; vimos uma apresentação delicada, personalizada e acessível às famílias e autistas.

Arquiteta de carreira, trabalhando em um escritório de dezenas de projetos, relata seu incômodo acerca das questões vivenciadas pelos seus clientes relacionados a desejos conflitantes diante da construção de novos ambientes. Inquieta, parte em busca de estudos relacionados ao comportamento humano e se depara com o termo: neuro arquitetura.

Inicia o mestrado, terminado em 2021 e, enquanto realiza o curso, nasce o primeiro bebê da ‘turma’ de amigos e é diagnosticada no espectro. Muito dedicada a auxiliar a amiga com informações, debruça-se no tema e escreve sua tese que se transforma em livro: “Arquitetura para a mente”.

Durante seu mestrado, a arquiteta conhece seu atual marido e, ao dividirem a mesma casa, ela entende a necessidade de adequações para uma maior estabilidade e conforto de seu companheiro. As mudanças vão desde temperatura, iluminação, ergonomia (altura de pias, vasos sanitários) até a previsibilidade nos ambientes. 

Conhecer o cliente, oferece ajustes personalizados e, aponta o porquê de tantas salas inauguradas como sensoriais para autistas podem estar equivocadas. Segundo a entrevistada, muitas são parecidas com brinquedotecas e, podem não atender às necessidades reais dos autistas adultos, principalmente. Autistas, ainda segundo Grazi, podem ser buscadores ou evitadores de estímulos de estímulos, ou ainda, buscadores de alguns e evitadores de outros estímulos, aí o grande desafio em adequar um espaço público.

Recentemente Graziella Aguiar submeteu seu estudo para uma conferência bienal da Academia Americana de Neurociência Aplicada à Arquitetura e, em setembro de 2025 segue para Universidade da Califórnia San Diego (EUA), para apresentar seu projeto de arquitetura e autismo.

Grazi esteve presente em palestra da Boom SP Design apresentando o mesmo tema, é professora na Belas Artes e organizou um curso de capacitação de adequação de ambientes públicos em parceria com o Teamm-Unifesp.

Para quem não conhece o tema, vale a pena procurar saber mais. Dicas simples e econômicas podem solucionar questões importantes do dia a dia de uma família com membros no espectro, como temporizador nas torneiras, interruptor com modulação de luz, corredores com paredes sensoriais, entre outras.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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