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“Professor Universitário Autista: Entrevista com o Professor Doutor Gustavo Rückert” é um vídeo do canal Mundo Autista. O episódio teve lançamento em 15.abr.2025. Nesse vídeo, recebo o meu orientador, o Professor Dr. Gustavo Rückert, que é titular na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Tivemos, assim, uma conversa reveladora e emocionante sobre a realidade de ser um professor universitário autista no Brasil.
O vídeo explora as barreiras enfrentadas desde a vida escolar hostil até a docência, a importância do diagnóstico tardio e a luta por um ambiente acadêmico verdadeiramente inclusivo para profissionais neurodivergentes. Dessa forma, o Professor Dr. Gustavo Rückert compartilha suas experiências com o mascaramento exigido em concursos públicos, o impacto da “corponormatividade” na saúde mental e a chocante falta de suporte institucional para docentes autistas.
A preparação para concursos públicos por um professor universitário autista
Por exemplo, Rückert considera que, com o diagnóstico, dar aula ficou mais autoconsciente. Para se preparar para concursos públicos, em vez de se dedicar a estudar as bibliografias das provas, ele ficava dias na frente de um espelho ou uma câmera ensaiando em frente ao espelho. O objetivo, com isso, era encontrar brechas no raciocínio para que pudesse olhar nos olhos da banca, por exemplo.
“Nos concursos públicos, existe uma prova prática em que a gente precisa dar uma aula para uma banca. E na avaliação dessa aula, entram questões teóricas, mas também entram questões práticas que são mensuradas em coisas como domínio do conteúdo, domínio da sala de aula, que é uma coisa extremamente subjetiva e que inconscientemente acaba passando por elementos como olhar nos olhos, não se movimentar demais nem de menos. Ou seja, é toda uma noção de uma corponormativdade, no sentido que o corpo deve se portar de maneira aceita socialmente para aquele papel de professor, que é cobrada mesmo que inconscientemente.”, conta Gustavo Rückert.
O protagonismo do autista nas Universidades
Sabendo do diagnóstico, porém, ele tornou-se mais consciente de seu corpo. Com isso, percebeu o que é natural ou não em sua comunicação. E o que deve evitar para minimizar quadros de ansiedade e depressão. Além disso, Gustavo lamenta que lugar da pessoa autista, e da pessoa com deficiência, geralmente não é pensado como esse lugar de protagonista. Porém, ele observa que há iniciativa de alguns professores para buscar iniciativas de suporte, como o registro dos profissionais autistas.
Rückert também conta que foi o gosto pela literatura que o levou a ser professor universitário. Porém, hoje ele gosta do ofício de dar aula. ““Ser professor não é algo que escolhi, a docência que acabou me escolhendo. Claro que, muitas vezes, o desgaste dessa atuação profissional cobra caro do meu corpo. Mas eu gosto quando a gente tem esse tipo de interação que é respeitosa, que entende a forma de cada pessoa da sala de aula se comunicar, que permite que cada um desenvolva o seu potencial. Acho que isso traz uma satisfação muito grande. Eu não me vejo em outra profissão. Não consigo me ver trabalhando em qualquer outro lugar.”
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Professor Universitário Autista: Entrevista com o Professor Doutor Gustavo Rückert