1 de junho de 2025

Tempo de Leitura: 2 minutos

Apesar dos avanços em inclusão e diversidade, o desconhecimento sobre o transtorno do espectro do autismo (TEA) ainda é comum na sociedade. Pessoas autistas e suas famílias enfrentam diariamente o impacto desse desconhecimento na luta por direitos e por uma participação mais equitativa na vida social e profissional.

Entre os principais obstáculos está a persistência do mito do “gênio incompreendido” — uma visão romantizada do autismo frequentemente reforçada por filmes e séries que associam a condição a habilidades extraordinárias, acompanhadas de sofrimento emocional ou dificuldades de socialização.

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Produções como Atypical, Uma Advogada Extraordinária e O Contador reforçam a ideia de que pessoas autistas são altamente inteligentes e bem-sucedidas, apesar de socialmente deslocadas. Embora representações assim possam gerar empatia, elas também distorcem a realidade da maioria dos autistas, contribuindo para expectativas irreais e apagamento da diversidade dentro do espectro.

A noção de genialidade associada ao autismo é prejudicial. Ao focar em casos extraordinários, ignora-se a ampla gama de perfis existentes no TEA, dificultando o avanço de políticas públicas inclusivas.

Pessoas comuns, mentes divergentes

Nos últimos dez anos, tem crescido significativamente o número de pessoas autistas que utilizam as redes sociais para compartilhar experiências e sensibilizar a sociedade sobre a importância da empatia e da inclusão. Por meio de relatos pessoais, esses indivíduos buscam desmistificar o autismo, especialmente em seus aspectos menos visíveis.

Muitos relatam os desafios enfrentados em diversos contextos sociais — da escola ao ambiente de trabalho — e ressaltam a importância do diagnóstico, ainda que tardio. Entre os relatos mais recorrentes, está o de autistas que só descobriram o transtorno na vida adulta e, a partir dessa vivência, fazem alertas importantes às famílias de crianças autistas: é preciso estar atento às limitações que não se enquadram no estereótipo clássico do autismo.

A frase “ele não parece autista” ainda é frequentemente ouvida por pais, mães e pelos próprios autistas, refletindo uma compreensão limitada sobre a diversidade dentro do espectro. Especialistas alertam que, no caso de pessoas classificadas no nível 1 de suporte — geralmente associadas a um maior grau de autonomia — a inteligência e habilidades desenvolvidas muitas vezes mascaram dificuldades internas profundas.

Ansiedade, depressão e crises de sobrecarga emocional são comuns entre esses indivíduos, embora frequentemente invisíveis para o olhar social. A romantização do autismo — especialmente em perfis de alto funcionamento — pode contribuir para o apagamento dessas realidades e dificultar o acesso a apoios adequados.

O aumento da visibilidade de vozes autistas, no entanto, tem promovido mudanças importantes no debate público, estimulando um olhar mais atento, humano e plural sobre a neurodiversidade.

Autistas são pessoas comuns com mentes divergentes. Embora compartilhem o diagnóstico, diferem em capacidades cognitivas, características pessoais e comorbidades. Nem todos são gênios, tampouco todos enfrentam severas limitações. Compreender a neurodiversidade é essencial para combater o capacitismo e promover uma sociedade verdadeiramente inclusiva.

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Jornalista, mãe de um autista adulto, radicada na Holanda desde 1985, escritora — autora do livro Caminhos do Espectro (lançado no Brasil em dezembro de 2021) —, especialista em autismo & desenvolvimento e autismo & comunicação, além de ativista internacional pela causa do autismo.

Inclusão possível: Um time de futsal só de autistas

Respeitem nossos corpos autistas!

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