1 de dezembro de 2025

Tempo de Leitura: 2 minutos

A cada nova onda de debates, fica evidente que o autismo continua desafiando nossas certezas. A proposta de dividir o espectro — tema revisitado pelo The New York Times em 01.out.2025 e que analisamos em profundidade na reportagem de capa desta edição — expõe tensões antigas entre grupos de famílias, ativistas autistas, pesquisadores e formuladores de políticas públicas. Separar o diagnóstico entre “autismo” e “autismo profundo” parece, para alguns, um caminho para dar visibilidade a realidades frequentemente ignoradas; para outros, representa o risco de fragmentar conquistas históricas, reforçar estigmas e criar fronteiras artificiais dentro de uma condição naturalmente diversa. O saldo desse embate ultrapassa o campo científico: revela divergências de experiências e prioridades, e lança luz sobre o permanente desafio ético de compreender e incluir pessoas que vivem realidades muito diferentes sob o mesmo rótulo diagnóstico.

Entre declarações inflamadas de autoridades norte-americanas, análises técnicas e as vozes de quem vive o autismo no cotidiano, um ponto segue incontornável: não há respostas simples. A prevalência das formas mais severas não aumenta com o tempo, como lembrou o neurocientista Dr. Alysson Muotri, mas o debate público cresce — e continuará crescendo — sempre que a sociedade tenta encaixar a complexidade humana em categorias rígidas. É preciso escutar mais, observar melhor e, acima de tudo, evitar que disputas políticas se sobreponham às necessidades reais das pessoas autistas e de suas famílias.

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Também nesta edição, destacamos a reportagem de Tiago Abreu sobre as novas diretrizes da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI), que reforçam a importância do diagnóstico clínico criterioso, do uso responsável de exames complementares e da valorização das práticas baseadas em evidências. E trazemos a inspiradora reportagem de Sophia Mendonça sobre Victor Beraldi, o jovem autista que publicou dois livros sem ser alfabetizado, numa parceria criativa com o pai que transformou a vida de toda a família. Somam-se a isso nossas colunas, artigos, notícias e mais um capítulo da HQ do André, o personagem autista da Turma da Mônica, compondo uma edição rica, diversa e profundamente conectada às questões que importam para o ecossistema do autismo. Convido você à leitura completa, pois, modéstia à parte, esta edição está excelente!

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Editor-chefe da Revista Autismo, jornalista, empreendedor.

Obra infantil sobre autismo é organizada por psicóloga autista

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