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O Brasil é o país com o maior índice de pessoas ansiosas do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a entidade, mais de 18 milhões de brasileiros, o que corresponde a 9,3% da população, conviviam com sintomas de transtorno de ansiedade em 2019.
É um equívoco pensar que essa condição atinge apenas pessoas neurotípicas, ou seja, que não possuem nenhuma condição de neurodiversidade. A ansiedade também está presente entre pessoas autistas e, inclusive, é uma das comorbidades mais associadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Estudos científicos estimam que 40% das pessoas autistas sejam diagnosticadas com ansiedade. Uma das formas encontradas por nós, autistas, para aliviar sintomas de estresse e ansiedade é o stimming, ou, popularmente, os stims. Em situações de tensão, eles podem ser importantes aliados na regulação emocional.
O que são os stims nos autistas?
A palavra stimming é a abreviação do termo em inglês self-stimulatory behavior, que pode ser traduzido como comportamento autoestimulante ou autorregulador. Segundo definição da National Autistic Society (NAS), do Reino Unido, os stims são movimentos e comportamentos repetitivos com função de autorregulação no sistema nervoso central de pessoas autistas.
Esses movimentos podem incluir pular, balançar as mãos ou ouvir a mesma música repetidamente. Tais comportamentos vão além de manifestações de alegria ou relaxamento, pois atuam como uma forma de autorregulação, ajudando a prevenir crises de shutdown e meltdown.
Outro benefício importante dos stims é que, ao serem realizados de forma constante, ajudam a acessar áreas do cérebro relacionadas à autonomia e ao senso de orientação, favorecendo maior presença nas atividades e melhor interação com o ambiente.
Por que não devemos julgar os autistas que fazem stims?
É importante esclarecer que o stimming não é a mesma coisa que um tique. Enquanto o tique é involuntário, abrupto e, muitas vezes, vocal, o stim é voluntário e autoinduzido pela pessoa autista. Essa distinção é fundamental para evitar preconceitos.
Vivemos em uma sociedade que, desde cedo, ensina a controlar afetos e emoções. Essa lógica também afeta homens e mulheres autistas, muitas vezes levando à repressão de suas formas de expressão.
Se quisermos compreender melhor o autismo, precisamos começar permitindo que pessoas autistas expressem seus desejos e sentimentos. Reprimir não ajuda, mas pode agravar dificuldades emocionais. Informação não é apenas o melhor caminho: é também uma forma de salvar vidas.