1 de setembro de 2025

Tempo de Leitura: 3 minutos

O programa “Tô no Jogo – Tênis Integrativo”, idealizado pela ex-tenista profissional Cláudia Chabalgoity, vem mostrando como o esporte pode ser um poderoso instrumento de inclusão social, autoconhecimento e desenvolvimento humano. O trabalho é realizado com autistas e pessoas com outras deficiências, reforçando o potencial do esporte como meio de promover a inclusão.

Cláudia tem uma trajetória marcante no tênis. Desde os três anos de idade, dedicou-se à modalidade e conquistou títulos expressivos: foi campeã sul-americana, venceu diversos torneios nacionais e internacionais, representou o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Cuba, onde conquistou quatro medalhas, e esteve nas Olimpíadas de Barcelona. Após encerrar a carreira como tenista, buscou novos caminhos e, com sua experiência, encontrou no tênis um meio de transformar vidas.

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“Queria criar algo que fosse além do esporte. O tênis me ensinou muito sobre disciplina, superação e convivência, e percebi que poderia compartilhar isso com pessoas que precisam de oportunidades para se desenvolver como indivíduos”, explica Cláudia.

O Tô no Jogo promove o ensino do tênis adaptado usando abordagens terapêuticas e psicologia, com o olhar integrativo do ser humano na sua totalidade biopsicossocial. A proposta é trabalhar o ser humano de forma integral, respeitando suas necessidades, limites e potencialidades. Para isso, conta com uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, terapeuta integrativo, educadores físicos com especialização no ensino do tênis, psicomotricista e outros especialistas.

Além do caráter terapêutico e de socialização, o projeto tem também um olhar para a formação esportiva. Há dois momentos complementares: primeiro, a massificação, quando os alunos têm contato inicial com a modalidade; depois, a inclusão em centros de treinamento ou em clubes parceiros, para que possam chegar a quadras oficiais e participar de torneios. O objetivo é formar pessoas mais autônomas e, em alguns casos, também tenistas em nível competitivo.

Entre os participantes estão pessoas com diferentes deficiências, como deficiência intelectual, paralisia cerebral e, também, autistas. O trabalho com autistas é parte importante da proposta, respeitando as particularidades de cada um e promovendo inclusão social por meio do esporte.

“Nossa metodologia parte da escuta acolhedora e da observação atenta. Adaptamos as atividades e buscamos que cada aluno avance no seu ritmo, entendendo que cada pessoa tem um processo único de aprendizado”, conta Cláudia.

Além do trabalho individualizado, o programa também promove a socialização, eventos esportivos e ações de comunicação que trazem visibilidade aos alunos e apoiadores. As famílias são convidadas a participarem do processo através de rodas de conversa em encontros regulares com psicólogo e terapeuta corporal para acompanhar a evolução dos filhos, fortalecer vínculos e aprender intervenções de autorregulação emocional para si e seus familiares.

Hoje, o programa Tô no Jogo está presente em diversos projetos com 12 núcleos espalhados pelo país, atendendo cerca de 400 pessoas. Em Brasília, atua em instituições como a Ampare, a Pestalozzi e o Centro de Ensino Especial Guará. Em São Paulo, está no Instituto Jô Clemente, na capital, e em Apaes de São Joaquim da Barra, Guará e Ituverava. Já no Rio Grande do Sul, o projeto funciona em Porto Alegre e nos municípios de Lajeado, Santa Cruz do Sul e Encantado, todos em parceria com Apaes locais.

Com resultados consistentes, o programa conquistou a confiança de grandes empresas. A BB Seguros patrocina, atualmente, um dos projetos que implementam a metodologia nos núcleos de Brasília, São Paulo e Porto Alegre, por intermédio da Lei de Incentivo ao Esporte do Ministério do Esporte.

“Nosso objetivo é formar indivíduos mais autônomos, confiantes e felizes. O tênis é apenas a porta de entrada para que cada um se descubra, desenvolva suas habilidades e construa um futuro mais positivo”, afirma Cláudia.

Com resultados já perceptíveis em todos os núcleos, o programa tem uma visão de longo prazo. A cada atendimento, a cada vivência, o Tô no Jogo busca contribuir não apenas com a formação esportiva, mas principalmente com o fortalecimento emocional e social de cada participante.

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Editor-chefe da Revista Autismo, jornalista, empreendedor.

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