1 de setembro de 2025

Tempo de Leitura: 2 minutos

Fazia quase cinco anos que uma missão aparentemente simples nos escapava: coletar sangue do Gabriel.

Mas quando você tem um filho autista, e ainda por cima com pavor real e declarado de agulhas, esse tipo de exame se transforma numa verdadeira operação especial. E assim foi. Literalmente.

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Tudo começou com uma preparação digna de filme de espionagem: avisei com antecedência, expliquei os motivos, mandei áudio, escrevi texto, desenhei mapa (ok, talvez não o mapa, mas o resto é verdade). Disse: “Meu filho tem pavor de agulha. Pavor mesmo. Não é drama. Não é birra. É pavor com letras garrafais.” E para minha surpresa: me ouviram!

No dia marcado, chegamos ao laboratório e, para o meu alívio, estava todo mundo preparado. Enfermeiros organizados, ambiente acolhedor – parecia até o bastidor de um show da Beyoncé. Mas, mesmo com toda a estrutura, foram necessários cinco profissionais para a missão acontecer.

Cada um assumiu um papel estratégico:

– Um ficou responsável pelas pernas do Gabriel, fazendo movimentos circulares e pronto para segurar se fosse preciso.

– Dois ficaram encarregados de manter o braço “da coleta” sob controle.

– Um ficou de apoio no outro braço, garantindo equilíbrio.

– E eu? Bom, eu fui promovido a garupa de moto imaginária.

Sentei com o Gabriel na maca e ele se apoiou no meu tronco. Era como se estivéssemos em uma CG 150 rumo ao posto de gasolina mais próximo – só que o combustível ali era coragem.

Demorou. Foram 30 minutos de tentativa, ajuste, carinho, tensão, negociação, riso nervoso e até meme mental (eu juro que ouvi a música de “Missão Impossível” tocando na minha cabeça). Mas conseguimos.

E sabe o mais curioso? Ninguém saiu machucado. Nem ele, nem eu, nem os cinco enfermeiros, que ao final quase pediram um certificado de missão cumprida.

Esse tipo de vitória parece pequena aos olhos de quem não vive esse universo. Mas para nós, famílias atípicas, é uma conquista que merece comemoração com direito a lanche, suco e, quem sabe, um descanso depois do susto.

Moral da história? Nem sempre o herói usa capa. Às vezes, ele vem com agulha, luva e um baita coração empático.

Até o próximo relato da nossa montanha-russa chamada vida!

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Pai do Gabriel (que tem autismo) e da Thata, casado com a Grazy Yamuto, fundador da Adoção Brasil, criador do app matraquinha, autor e um grande sonhador.

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