20 de agosto de 2025

Tempo de Leitura: 2 minutos

Em um avanço inédito na pesquisa sobre doenças neurológicas, cientistas da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), entre eles o brasileiro Alysson Muotri, conseguiram acelerar o amadurecimento de organoides cerebrais humanos — conhecidos como “minicérebros” — usando grafeno, um material ultrafino derivado do carbono. O estudo, publicado nesta quarta-feira, 20.ago.2025, na revista Nature Communications, demonstrou que esses organoides foram capazes de desenvolver conexões neurais mais rapidamente, abrindo novas perspectivas para o estudo de doenças como o Alzheimer.

O grafeno foi utilizado como uma ponte de estímulo que responde à luz e permite a estimulação dos neurônios por longos períodos sem modificar o DNA das células. “O grafeno responde à luz, então a gente usa essa luz para estimular os neurônios. Diferente de outras técnicas, conseguimos fazer isso de forma crônica, por dias, semanas e até meses”, explicou Muotri ao G1. Segundo os autores do estudo, esse estímulo promoveu o amadurecimento neural de forma mais próxima ao que ocorre naturalmente no cérebro humano.

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CBI of Miami - 20250423

Os pesquisadores também aplicaram a técnica em organoides derivados de células de pacientes com Alzheimer, observando um envelhecimento acelerado dessas estruturas em laboratório. Isso possibilitou acompanhar em menos tempo os efeitos da doença e testar, com mais agilidade, potenciais tratamentos. “É como dar um empurrãozinho para que cresçam mais depressa, algo essencial para estudar, em laboratório, doenças ligadas ao envelhecimento”, afirmou a pesquisadora Elena Molokanova, primeira autora do estudo.

Primeiro cyborg

Em uma fase experimental, os organoides foram conectados a um robô simples que, ao receber os sinais gerados pelos minicérebros estimulados, foi capaz de se movimentar e desviar de obstáculos com 100% de sucesso após o treinamento. “Ainda estamos longe de falar em consciência ou algo parecido, mas já é um primeiro passo para entender como integrar circuitos biológicos a dispositivos tecnológicos”, disse Muotri ao G1. Em seu perfil no LinkedIn, o pesquisador celebrou o resultado afirmando: “Apresento a vocês o primeiro cyborg. Um replicante robótico que usa um cérebro humano artificial.”, comemorou Dr. Muotri, que é cofundador da Tismoo, uma startup brasileira de saúde digital para autistas e outras neurodivergências.

Apesar do impacto, os cientistas ressaltam que o estudo ainda está nos estágios iniciais. Os organoides não têm a complexidade de um cérebro humano completo e a interface com o robô serviu apenas como uma prova de conceito. A equipe agora pretende aplicar a técnica a outras condições neurológicas, como Parkinson e epilepsia, além de investigar o uso desses minicérebros em sistemas computacionais mais avançados. Para quem quiser mais informações, acesse a reportagem original do site do G1 neste link e assista a este vídeo.

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Editor-chefe da Revista Autismo, jornalista, empreendedor.

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