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A crescente popularização dos debates sobre saúde mental tem gerado tanto avanços quanto distorções, alerta a psiquiatra Juliana Belo Diniz em entrevista ao jornal O Globo, publicada hoje (23.abr.2025). No recém-lançado livro “O que os psiquiatras não te contam” (Fósforo Editora), ela critica o que chama de “patologização da existência humana” e o aumento de diagnósticos psiquiátricos, especialmente entre adolescentes. Para ela, fenômenos sociais, como a hiperconectividade e a intolerância ao tédio, têm sido confundidos com transtornos clínicos como o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e o transtorno do espectro do autismo (TEA), gerando prescrições em excesso e autodiagnósticos sem critérios médicos claros.
Juliana também alerta para os riscos de se transformar o sofrimento humano em diagnóstico, muitas vezes por motivos culturais e sociais. Segundo a psiquiatra, o acolhimento da diversidade subjetiva tem sido substituído por rotulações apressadas, com consequências práticas como o uso indiscriminado de medicação e a judicialização da identidade. O debate, segundo ela, precisa considerar que, embora alguns indivíduos se beneficiem de tratamentos psiquiátricos, muitos outros não têm acesso ao cuidado adequado — revelando uma desigualdade no sistema. Para a especialista, o desafio está em encontrar o equilíbrio entre o reconhecimento legítimo de transtornos e o respeito às nuances da experiência humana.
Para quem quiser, a reportagem completa (de Gustavo Leitão) está no site d’O Globo, neste link.