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A 19th, uma agência de notícias independente dos Estados Unidos, publicou uma reportagem sobre os conflitos envolvendo a socióloga australiana Judy Singer, historicamente conhecida como uma das principais figuras em torno do conceito de neurodiversidade, com pesquisadores e teóricos autistas. O principal ponto de debate está em um artigo publicado em 2024 que argumenta que a autoria do termo “neurodiversidade” não deve ser atribuída a uma só pessoa, e que o termo surgiu de forma coletiva em fóruns autistas da década de 1990.
As críticas de pesquisadores como Robert Chapman, Nick Walker e Steven Kapp surgem tempos depois que Singer foi acusada de fazer declarações transfóbicas nas redes sociais. Martijn Dekker, programador de computadores que ajudou a hospedar um fórum online chamado Independent Living on the Autistic Spectrum (InLv), afirmou que Singer queria o crédito pela ideia, mas que na verdade todos aceitaram passivamente.
Singer afirmou ser vítima de uma “caça às bruxas” e que teria sido “cancelada” por uma universidade alemã. “Homens e mulheres não são iguais. Já tivemos esse debate um milhão de vezes. Os homens tendem a ser mais agressivos. Eles têm que inventar seu próprio nome. Elas não são mulheres. Agora, não estou falando de pessoas que são intersexuais. Essa é uma outra história. Estou falando de pessoas com pênis. Direto assim”, afirmou.
Nick Walker, que é uma mulher transgênero, afirmou que Judy Singer se referiu a ela e a Robert Chapman (que é uma pessoa não-binária) como homens. “Enquanto um grande número de pessoas acreditar erroneamente que Judy é a ‘mãe da neurodiversidade’, isso dará credibilidade e uma plataforma a Judy, e ela estará usando essa plataforma para causar danos”, argumentou.
Já Singer, na mesma reportagem, confirmou o que fora dito por Nick Walker sobre o uso de pronomes masculinos. “As pessoas que desejam se identificar como outras pessoas que não sejam homens precisam ser criativas e encontrar alguma outra palavra. Na verdade, não tenho ideia do que é Robert Chapman. Julguei apenas pelo nome deles”, disse.
O trabalho de conclusão de curso de Singer, defendido na Universidade de Tecnologia de Sydney no final da década de 1990, se baseou em conversas entre membros do InLv, com o consentimento dos envolvidos. A pesquisa de Dekker revelou que a primeira discussão sobre “diversidade neurológica” foi feita pelo membro do InLv Tony Langdon em conversa com Phil Schwarz, antes de Singer fazer parte do fórum.