18 de janeiro de 2024

Tempo de Leitura: 2 minutos

Recentemente me deparei com esse artigo, “Como sei que fui convidado”, de Kai Ash. Kai é autista e transgênero e publicou seu artigo no meetingplaceforum.org. O Meeting Place é um evento na Austrália, dedicado às artes e deficiência. Criado em 2012, sua primeira edição internacional foi na Alemanha em 2017. Flexível e transportável, o Meeting Place é feito por e para pessoas com deficiência e absolutamente acessível. O Writing Place é a revista online, anual, publicada por e para pessoas com deficiência.

Pois bem, Kai escreve um texto sensível sobre como ele tem a certeza de que será bem tratado e bem recebido nos locais onde é convidado. Pela sutileza dos cuidados na organização do local em que será recebido. Kai narra sua experiência no evento Meeting Place em forma de texto, descrevendo cada um dos mínimos detalhes de acessibilidade.

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Penso que esta seja a real inclusão. Se pensamos em receber alguém, nosso ambiente precisa estar pronto para aquela pessoa: se é alérgico a frutos do mar, não servirei camarão; se virá uma criança, preciso deixar a varanda segura; receber implica em antecipar informações para melhor um maior preparo dos detalhes que envolvem a recepção.

Todo início de ano ouvia a seguinte frase nas escolas: ‘vamos agendar a reunião par depois do carnaval, assim ele (a) terá tempo de adaptação.’. Adoraria que isso fosse um vídeo do Tiktok para vocês verem minha cara.

Não. A reunião é agora para que vocês possam se preparar para receber esse (a) aluno(a) e assim, observar a adaptação dele (a). Um cantinho seguro e silencioso pra autorregularão, brinquedos favoritos na mochila, linguagem específica para cada situação (quando há necessidade), cartelas de comunicação básica, enfim; preparar para a acessibilidade. Uma pessoa alérgica a frutos do mar, imersa numa dieta à base de mexilhões e lagostas não se adapta. Ao contrário, sucumbe.

Sugiro a leitura do artigo de Kai, com leveza e reflexão, antes do início do ano letivo. Uma aula de hospedagem aos que realmente desejam receber.

“Eu sei que sou bem-vindo quando minha chegada é normal. Sou simplesmente mais uma variação a acrescentar à crescente tapeçaria deste espaço.”

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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