12 de maio de 2022

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Semana dessas fui cometer um crime gastronômico em uma das lanchonetes de fast food da cidade.

Na fila, vejo chegar um casal de mais ou menos uns 70 anos e um jovenzinho lá pelos seus 12.

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Ele tinha um sorriso absolutamente simpático, mesmo sem olhar para ninguém e carregava um dinossauro de pelúcia.

A entrada do trio na lanchonete paralisou alguns e atraiu muitos olhares.

Imediatamente o garoto se fechou e virou de costas para todos. O casal manteve sua postura sem o menor indício de terem percebido seu entorno.

Minha bandeja chegou primeiro e fui para fora. Uma deliciosa tarde de outono em pleno feriado de Tiradentes.

Os avós, como soube depois, saem com o garoto e vão para o estacionamento. Vejo todos se sentarem na sarjeta e comerem seus lanches ali mesmo. O avô em pé e a avó, com muita dificuldade para se sentar em local tão baixo, sentada com o neto.

Não conseguia parar de pensar porque eles estariam ali com tantas mesas disponíveis. Logo me vi acreditando que algum tipo de constrangimento eles deveriam ter passado para irem tão distante e optarem por um lugar tão desconfortável.

Não conseguia parar de olhá-los. Um garoto tão educado, que espécie de desconforto ele teria vivido?

Em um dado momento, a avó se levanta, com a mesma dificuldade que teve para se sentar, e segue em direção à lanchonete.

Levanto e vou até ela: “Me desculpe a intromissão, mas porque decidiram sentar na sarjeta do estacionamento?”

Ela abre um enorme sorriso e me diz: “Porque meu neto quis o sol”.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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