11 de janeiro de 2022

Tempo de Leitura: 3 minutos

Entenda a importância desta ciência no desenvolvimento de alguém no TEA

A ciência que estuda os comportamentos, ensina a modificá-los e ensina novas habilidades é a Análise do Comportamento Aplicada (ABA, da sigla em inglês Applied Behavior Analysis), cujas técnicas são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o tratamento de pessoas com desenvolvimento atípico, especialmente o autismo.

A ABA é conhecida como uma das “práticas baseadas em evidências”, o que significa que existe um número significativo de estudos que seguem critérios específicos e têm resultados comprovados. Ou seja: cientificamente funcionam, conforme explica o artigo disponível para download: Contribuições da análise do comportamento aplicada para indivíduos com transtorno do espectro do autismo: uma revisão.

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Continuamente, novos estudos sobre ABA são publicados. Segundo a psicóloga e especialista em autismo Chaloê Comim, isso acontece porque: “Tudo em uma ciência é passível de ser falseável, testado, refinado e aprimorado. Desde Skinner, o maior interesse da ABA é social, em sobre como melhorar a interação humana em sociedade. Na Análise do Comportamento, novos estudos são feitos continuamente. Nosso comportamento tem 3 níveis de seleção: A evolução da nossa espécie, nossa história individual e a cultura onde estamos inseridos. As contingências mudam, a sociedade e as necessidades mudam, a cultura muda e novos jeitos de lidar com o comportamento e ensinar novas habilidades, vão surgindo”, explica.

Neste artigo, vamos falar sobre os principais estudos referentes à Análise do Comportamento Aplicada.

O primeiro estudo de ABA da história

Os primeiros registros de terapias e intervenções envolvendo a Análise do Comportamento Aplicada surgiram entre 1961 e 1962, por meio de pesquisas realizadas por Ferster e DeMyer e demonstravam que era possível usar as técnicas para modificar comportamento em pessoas com distúrbios do desenvolvimento. Além disso, os resultados do estudo mostraram, também, que o repertório comportamental aumentava e reduzia os comportamentos considerados problemáticos.

Em 1987, o psicólogo clínico Ivar Loovas publicou um novo estudo que apontava importantes ganhos com o uso destes princípios comportamentais no ensino de crianças diagnosticadas com autismo. Os resultados e dados do estudo foram os seguintes:

  • Ao todo, 19 crianças tiveram acesso às intervenções baseadas em ABA
  • Delas, 47% haviam sido reintegradas com sucesso em escolas regulares
  • Das crianças que fizeram outras intervenções, apenas 2% tiveram sucesso no desenvolvimento.

Prática Baseada em Evidências (PBE)

Como forma de validar cientificamente práticas baseadas em evidências para crianças, jovens e adultos com Autismo, o The National Clearinghouse on Autism Evidence and Practice (NCAEP), conduziu um projeto para uma revisão sistemática da literatura, sobre intervenções com evidências para Autismo. , O objetivo foi levantar e classificar tratamentos que promovem a saúde do paciente e integram práticas reconhecidas e comprovadas para apoiar a decisão de profissionais para as indicarem.

Em sua versão mais recente, publicada em 2020, a  NCAEP traz 28 práticas consideradas com evidências (PBE) científicas que atingiram todos os critérios propostos pela revisão, para intervenções em pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) são elas:

  1. Intervenção baseada em antecedentes
  2. Comunicação alternativa e aumentativa
  3. Intervenção de Momentum Comportamental
  4. Estratégias instrucionais cognitivo-comportamentais
  5. Reforçamento diferencial de comportamento alternativo, incompatível ou outro comportamento (DRA, DRI, DRO)
  6. Instrução direta (DI)
  7. Ensino por tentativas discretas
  8. Exercício e movimento
  9. Extinção
  10. Avaliação funcional
  11. Treinamento de comunicação funcional
  12. Modelação
  13. Intervenção mediada por música
  14. Intervenção naturalística
  15. Intervenções implementadas pelos pais
  16. Instrução e intervenção mediada por pares
  17. Reforçamento
  18. Dicas
  19. Bloqueio de respostas e redirecionamento
  20. Autogestão
  21. Integração sensorial
  22. Narrativas sociais
  23. Treinamento de habilidades sociais
  24. Análise de tarefas
  25. Instrução e intervenção auxiliada por tecnologia
  26. Atraso de tempo
  27. Videomodelagem
  28. Suportes visuais

Revisão de estudos ABA

Existem ainda outros estudos, como o disponível para download no CIA Autismo, que fazem uma revisão de outras pesquisas já publicadas envolvendo a ABA. Neste, em específico, é feita uma revisão bibliográfica de estudos na íntegra já realizado sobre a ciência, com o objetivo de avaliar a contribuição das intervenções baseadas em ABA em pessoas com TEA.

O artigo analisou dez estudos já realizados sobre os efeitos da Análise do Comportamento Aplicada em indivíduos com autismo no Brasil e em outros países, a fim de concluir como a ciência pode ajudar no desenvolvimento destas pessoas ao longo da vida.

Por meio da análise foi observado que a análise do comportamento aplicada intervém diretamente no comportamento do indivíduo e pode ser totalmente estruturada, colaborando para o processo de aprendizagem deste público. Vale lembrar também que a ABA não acontece somente nas clínicas, mas pode ser aplicada em diversos ambientes, por isso estudar e revisar estudos já realizados sobre o tema ajudam a desmistificar mitos acerca da ciência e traz novas visões sobre como os conceitos da ABA para pais e profissionais.

 

Para ver mais um artigo sobre ABA, clique aqui.

 

Crédito: Gabriela Bandeira e Chaloê Comim
Fonte: Academia do Autismo
Imagem: reprodução / Academia do Autismo

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A Academia do Autismo é uma Instituição especializada no Transtorno do Espectro Autista, focada em transformar a vida das pessoas com TEA, a partir da qualificação de profissionais, pais e familiares. Conta com 80% dos conteúdos gratuitos, atuando também na disseminação de conhecimento sobre o autismo.

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