28 de junho de 2021

Tempo de Leitura: 2 minutos

Segundo os especialistas, as rotinas trazem mais conforto e segurança para que nossas crianças não precisem lidar com o inesperado e desde o começo ficou muito claro a importância delas em nossas vidas.

Conseguimos seguir rotinas?

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Matraquinha

Quase sempre, mas existem fatores externos que não conseguimos controlar e esse é o problema.

Hoje o Gabriel tem 12 anos, as terapias fazem parte de nossas vidas há 10 anos, e sempre procuramos trabalhar com a principal dificuldade que ele possui: as interações sociais.

“Bom dia.”

“Boa tarde.”

“Boa noite.”

“Tudo bem?”

“Tudo, e com você?”

Pois bem, em março de 2020, o mundo foi surpreendido por uma pandemia cuja principal ferramenta de contenção é o distanciamento social.

Agora, me diga, como explicar para o meu filho que tudo o que ele fazia antes tem que ser feito de outro jeito?

Os abraços e apertos de mão que ele tanto adora, devem ser feitos à distância com um breve acenar, ou o famoso “soquinho”, ou a batida de antebraço.

Aos 5 anos de idade, meu filho abraçava manequim de lojas. Você tem ideia do que é isso?

Ele também frequentava uma escola regular e que, de forma repentina, foi excluída de sua rotina, assim como as terapias, as visitas à casa da vovó, vovô, tios e amigos…

Sabe o que aconteceu? Está sendo o caos na terra. 

Não sei na sua casa, mas aqui ficou e está sendo bem difícil. Se não é fácil para um adulto, tento imaginar o que se passa na cabecinha dele.

Além de tudo isso, ele não consegue usar a máscara, o que deixa nossas opções bem mais restritas.

Passamos os dias sobre momentos de gritos, choros, crises, e ele até começou a roer as unhas, coisa que nunca tinha feito antes. Por outro lado, não posso negar que existem momentos de interação, diversão, abraços, risadas e muito amor.

Lembre-se de que não está sendo fácil pra ninguém, e nem devemos usar isso como consolo, mas precisamos nos cuidar, porque para cuidar de nossas crianças, antes de mais nada, precisamos estar bem.

Precisamos cuidar de nossa saúde física e mental, por isso, alimente-se bem, durma bem, beba bastante líquido e tente reservar alguns minutos para si mesmo. Tente combinar este tempo com o seu marido, ou esposa, ou companheiro(a). Comece com 15 minutos.

Se você não tem um parceiro, veja se alguém de sua rede de apoio pode ajudar, ligue para seu irmão, seu pai, sua mãe, seu amigo, vizinho etc. Acredito que eles entenderão o seu pedido.

Dê uma volta no quarteirão, só você com seus pensamentos. Demore 5 minutos a mais no banho. Assista a um filme. Escute uma música. Dance como se não houvesse amanhã. Mas faça alguma coisa por você.

Eu sei que dizem que somos fortes, fomos escolhidos pelo universo e mais aquele monte de adjetivos que nos colocam em um pedestal de heróis, mas não somos.

Criamos uma armadura emocional para nossa proteção e de nossas crianças, mas debaixo dessa armadura há alguém com sentimentos, que sofre e chora igual a qualquer um. E também precisamos de alguém que cuide da gente.

Se você precisar de um ombro amigo, tenho dois pra lhe emprestar.

Fique bem!

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Pai do Gabriel (que tem autismo) e da Thata, casado com a Grazy Yamuto, fundador da Adoção Brasil, criador do app matraquinha, autor e um grande sonhador.

Editorial — Revista Autismo nº 13

9 elementos – Como tornar seu filho/aluno o mais independente possível?

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