15 de junho de 2021

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Comumente a pessoa autista tem dificuldades em demonstrar sentimentos e expressões. Isso é um fato marcante no autismo e por ser verdade é que se tem o mito de que autistas não tem empatia, pois às vezes, apesar de estarmos muito tristes ou felizes, a nossa feição não acompanha tal sentimento como o padrão neurotípico espera.

Outras vezes, não demonstramos tais sentimentos pela própria dificuldade de externar o que estamos sentindo mesmo, o que passa a imagem de insensibilidade. Eu por exemplo, por mais triste que esteja, é muito difícil que eu chore, o que faz parecer que uma situação que causaria tristeza em qualquer pessoa não me afeta.

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Porém, existe esse outro lado que quem convive mais de perto com pessoas autistas já deve ter notado. Tem vezes que, ao contrário dessa falta de reatividade que expliquei anteriormente, nós autistas somos muito transparentes e não temos o traquejo social de esconder sentimentos em situações onde os neurotípicos têm facilidade em manter a discrição para dar suporte a certas ocasiões de socialização onde tal postura seria bem-vinda.

Resumindo, somos péssimos em executar essas “mentirinhas sociais” que são inerentes do convívio. Algumas vezes por não ver motivo em dizer ou demonstrar algo que não é verdade, outras por não perceber que aquilo faz parte do contexto de socialização implícito onde parece ser comum dizer algo que é o contrário dos fatos simplesmente porque na maioria das vezes as pessoas neurotípicas fazem perguntas esperando uma afirmação e não uma resposta.

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Presidente da ONDA-Autismo e membro do Conselho de Autistas; ativista; administrador da página @autiesincero no Instagram, servidor público federal, palestrante e escritor.

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