1 de março de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

Como está sendo o desfralde do seu filho?

Por aqui foi um processo bem tranquilo, mas nem sempre foi assim.

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Matraquinha

Quando começamos a pesquisar escolas para matricular nosso filho, a primeira pergunta que os amigos faziam era:

— O Gabriel já desfraldou?

O desfralde ainda não tinha acontecido, o Gabriel tinha 2 anos, e tampouco tínhamos o diagnóstico de autismo. 

Começamos a correr contra o tempo, afinal de contas, isso é quase considerado um crime segundo as “regras sociais”, e foi nesse exato momento que as coisas começaram ir ladeira abaixo.

Além dos desafios que o meu filho precisava enfrentar por causa do autismo, ele ainda precisava entender o que estava acontecendo com o seu corpinho. As frustrações, estereotipias e crises aumentaram conforme o nível de estresse foi crescendo.

De certa forma, ele sabia que precisava dar conta daquela nova demanda que foi imposta, e por outro lado, eu, que deveria ser um porto seguro, estava mais preocupado com as tais regras sociais. Perdi a paciência por diversas vezes, me aborreci e acredito que ele tenha percebido em meu olhar os sinais de que não acreditava que ele conseguiria superar aquele desafio.

Tivemos que criar uma rotina de levá-lo ao banheiro de hora em hora para minimizar os famosos escapes de xixi. Além disso, para a hora do cocô, tivemos que aprender sobre leitura corporal.

— Como assim, leitura corporal?

Toda vez que ele precisa fazer cocô, o corpo dele apresenta determinados sinais que antecedem o evento e aprendemos a fazer essa leitura. Simples assim, sem regras e fórmulas mágicas.

Hoje, com 12 anos de idade, ele passou a pedir para fazer xixi e finalmente conseguimos aposentar a fralda geriátrica no período noturno. Deixamos acontecer naturalmente, e o sinal de que ele estava preparado foi a própria fralda, ela já vinha amanhecendo seca por um bom tempo.

Atualmente, eu entendo que esse processo deveria ser mais respeitoso e, se tivéssemos que passar por algo parecido, minha escolha seria buscar outra instituição de ensino. A mesma sociedade que me julga, não me acolhe e vira as costas quando eu mais preciso.

“Xixi, xixi, xiiiiiiiiiiiii acho que escapou aqui”… Deixa eu correr lá!

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Pai do Gabriel (que tem autismo) e da Thata, casado com a Grazy Yamuto, fundador da Adoção Brasil, criador do app matraquinha, autor e um grande sonhador.

Editorial — Revista Autismo nº 16

Experiência fantástica

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