11 de outubro de 2021

Tempo de Leitura: 2 minutos

Por Fábio Cordeiro

Presidente da ONDA-Autismo.

 

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Livro: Autismo — Não espere, aja logo!

 

 

Neste mês de outubro, no dia 12, comemoramos o Dia das Crianças e nada mais especial para ser comemorado do que nossas crianças.
Elas trazem renovação, felicidade, são o futuro e a esperança de que podemos sempre evoluir. E nada nos motiva mais a sermos pessoas melhores do que a chegada e a companhia deles.

A nós, cabe protegê-los, proporcionarmos oportunidades, dar conforto, lazer e, mais do que tudo, amá-los. E hoje, neste mês, que marca essa data tão relevante, é sobre essa troca que quero falar.

É preciso refletir sobre como convivemos com nossas crianças e sobre as expectativas que colocamos nelas. É comum que façamos planos para elas, que idealizemos seus trajetos e ações, que projetemos seus caminhos para um futuro próspero e feliz.
Mas, na correria do nosso dia a dia, não podemos deixar de fora desse cálculo a parte mais importante dessa equação. A própria criança.
E aí muitos podem estar se perguntando: como assim? E tudo que faço não é para o bem do futuro deles? O que estou deixando de fora então?
Pois é, por vezes, nessa ânsia louca de buscar um futuro feliz, esquecemos do presente. Atropelamos o agora e passamos por cima do fato de que a vida se vive no agora. Nossas crianças têm que viver felizes hoje. O bem-estar pleno se constrói todos os dias, e esse é o momento de estarmos bem.
Quando tratamos de crianças autistas ou divergentes em qualquer outro sentindo, essas questões tornam-se ainda mais cruciais, pois sabemos bem das dificuldades que essa jornada traz, tanto para nós adultos como cuidadores, quanto para as próprias crianças que muitas vezes demandam de um apoio mais enfático do que a própria fase de desenvolvimento infantil já traz.
Porém, é preciso ter consciência de que a diversidade humana é um fato. Quando alguém vem ao mundo, existe a possibilidade que esse ser exista dentro de qualquer condição que a humanidade abriga. Então, não podemos colocar expectativas nesses indivíduos baseados apenas em uma prospecção de um trajeto típico. Tratemos a diversidade respeitando as diferenças de cada um.
Dentro das diversas maneiras passíveis do desenvolvimento e da existência, cabe a possibilidade de felicidade. Não devemos, em prol de uma espera por um amanhã, deixar que o hoje seja sempre pesado.
E não achem que estou dizendo que não devemos ou que não podemos aspirar a um futuro com as expectativas que almejamos. Óbvio que devemos trabalhar para que nossas crianças tenham uma vida lá na frente com qualidade e capacidade de fazer coisas maravilhosas.

O que não devemos fazer, na minha humilde opinião, é querer que nossas expectativas tornem-se realidade a qualquer custo, pois, dependendo de como for o cotidiano da criança, dos vários fatores que influenciam essa caminhada e não apenas da condição em que a pessoa se encontra dentro da diversidade humana, nossos anseios podem tornar-se verdade ou não, mas, de fato, independentemente do que algum dia tivermos pretendido, tudo só valerá a pena se isso não custar a infância de alguém.

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