17 de junho de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

Minha filha está com 25 anos. Mestrado finalizado com louvor, inserida no mercado de trabalho formal há dois meses. Ela é referência nos assuntos de seus hiperfocos e de suas pesquisas acadêmicas e científicas. Tenho um orgulho imenso de seu espírito de procura, de sua busca pelo aperfeiçoamento em seus conhecimentos técnicos, humanos e espirituais.

Antes que qualquer uma de vocês, mamães com foco em viver um dia de cada vez com mais qualidade pense: “Ok, está tudo mais fácil e resolvido”, eu vou adiantar que não. Na verdade, como acontece com os filhos típicos, as etapas vão se sucedendo. E, certamente, os desafios se modificando. No meu caso, sempre tive uma série de desafios a vencer. Aliás, como mãe solo, a responsabilidade por minha menina, sempre foi minha. Tive opiniões, conselhos, falas descartáveis, mas a responsabilidade foi somente minha.

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A hora e a vez da filha adulta entrar em cena

Hoje, decidi dividi-la com Sophia. Ela avançou muito intelectualmente. Deve tomar as rédeas completas de sua vida. Isso quer dizer: liberdade com responsabilidade, inteligência emocional, inteligência financeira e, acima de tudo, fazer escolhas. As escolhas agora, são dela e de mais ninguém. Posso opinar ou até mesmo orientar que foi o que sempre fiz, mas resolver por ela, não mais. Qual a diferença disso? Agora é vida adulta, bb. De verdade. Você escolhe, age e… recebe todas as consequências dessa escolha.

Se durante esse processo, eu não concordar com algo, vou OPINAR. Mas somente se minha opinião for solicitada. Então vou, durante as consequências das escolhas de minha filha, ESCOLHER também compartilhar com ela ou não. Assim, de maneira clara. Como eu gosto. Regras claras e definidas.

De mãe de autista para mãe de autista: Nossos filhos são capazes

Muitas mães de autistas pequenos acreditam que eles são incapazes de manipular. Quanto engano. A manipulação faz parte do repertório escolhido ou não por qualquer ser humano, durante sua caminhada e aprendizado.

Portanto, neurodivergentes ou neurotípicos podem exercê-la, cada qual a seu modo. Por que eu digo isso? Porque já que estou à frente de algumas mães e fiz um pacto comigo mesma, de alertá-las com minhas descobertas. Somente, fornecendo informação, é claro. Nada de vaticínio. Cada ser humano é único. Mas é bom que nós, mães, conheçamos todas ou quase todas as possibilidades de seu desenvolvimento.

Entretanto, a notícia boa é que, se nossos filhos são capazes de nos manipular, eles são capazes, também, de muitas outras coisas. E eles precisam saber que nós confiamos neles. Já que estou falando disso, vai aí outro aprendizado. Ao orientar seus filhos, ao descobrir a melhor forma de derrubar as barreiras para ele evidenciar a totalidade de seu potencial, não faça isso como a SUPER MÃE que tudo resolve. Ele pode crescer acreditando nisso e, como ser humano que é, fazer corpo mole quando for a vez de ele tomar as rédeas de sua própria vida.

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Jornalista e relações públicas, diagnosticada com autismo, autora dos livros "Minha Vida de Trás pra Frente", "Dez Anos Depois", "Camaleônicos" e "Autismo no Feminino", mantém o site "O Mundo Autista" no Portal UAI e o canal do YouTube "Mundo Autista".

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